A diretora-geral da Saúde vê com bons olhos a chegada de visitantes a Lisboa devido à Final Eight da Liga dos Campeões, marcada para agosto, mas sem esquecer “as regras”.

Quanto maior for o número de visitantes para o nosso país melhor, desde que obviamente cumpram as regras previamente estabelecidas entre todos os intervenientes”, afirmou Graça Freitas durante a conferência de imprensa diária sobre a situação epidemiológica em Portugal.

“Tem havido um comportamento exemplar da Federação Portuguesa de Futebol e de todos os envolvidos neste processo e as coisas têm corrido de forma segura”, acrescentou a diretora-geral da Saúde, que não poupou elogios à Federação, descrevendo-a como “um parceiro essencial”.

Ainda assim, a responsável pela Direção-Geral da Saúde não se quis pronunciar relativamente a presença do público, considerando que ser “demasiado precoce para dizer seja o que for”.

“Será sempre com a Federação que equacionaremos estas questões”, disse Graça Freitas. “O que quer que a DGS faça, fá-lo-á avaliando concretamente a situação específica desta competição” juntamente com a Federação.

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Ainda sobre o facto de Lisboa receber a Final Eight da Champions em agosto, António Lacerda Sales referiu que a decisão resulta de um “grande envolvimento” da DGS e da Federação Portuguesa de Futebol e seguiu a lógica da retoma do campeonato nacional.

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António Lacerda Sales referiu tratar-se do “desenrolar de uma evolução natural” que deu confiança aos organismos internacionais para trazer a competição europeia a Portugal. Disse ainda que vão existir circuitos bem definidos e testagens aos jogadores. “Será uma boa decisão dos organismos internacionais trazer a competição para Portugal.”

Graça Freitas referiu que Lisboa é uma cidade segura para o efeito.

“Lisboa e Vale do Tejo tem esta situação porque estamos a procurá-la ativamente. Continua a ser uma região segura”, disse.

DGS garante que IPO de Lisboa “é um hospital muito seguro”

A diretora-geral da Saúde deu conta de um foco de infeção no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO), mas garantiu que a instituição é “responsável” e “extremamente segura” e que foi graças ao plano de contingência que tem sido posto em prática que foram detetados casos de infeção.

Foram feitos seis mil testes a profissionais de saúde, doentes e prestadores de serviço, indicou também Graça Freitas, e foi no âmbito desta testagem que foram detetados dois profissionais de saúde infetados, ambos assintomáticos.

[O IPO] encontrou-os porque fez os testes e, na sequência desta testagem, foi à procura de mais casos no serviço onde estes profissionais estavam”, afirmou Graça Freitas, referindo que foram identificados mais profissionais e doentes infetados.

De acordo com os números divulgados pelo IPO durante a conferência de imprensa, oito profissionais e 12 doentes internados no Serviço de Hematologia foram diagnosticados com Covid-19.

Covid-19: Oito profissionais e 12 doentes internados no IPO de Lisboa infetados

“É um hospital muito seguro, com um plano muito bom”, disse ainda a diretora-geral de saúde, referindo que os doentes infetados “estão estáveis” e foram transferidos para outras unidades hospitalares e que os que testaram negativo estão em “enfermarias próprias”, dentro do próprio serviço. Já os profissionais de saúde estão em isolamento, “mesmo aqueles que testaram negativo”.

Infeções em lares: os profissionais “têm uma responsabilidade acrescida”

Relativamente aos focos de infeção nos lares em Cinfães e em Aljubarrota, a diretora-geral da Saúde destacou a importância de se apostar na prevenção, uma vez que os idosos que estão em lares estão num ambiente circunscrito, pelo que “se são infetados, é porque alguém do exterior traz a infeção” — e muitas vezes são os profissionais dos lares.

Os profissionais têm uma responsabilidade acrescida, uma vez que são responsáveis pela saúde de pessoas debilitadas, vulneráveis e com probabilidade de terem uma doença mais grave do que as pessoas mais jovens”, afirmou Graça Freitas.

Graça Freitas referiu ainda que “os testes não são uma vacina, não são um tratamento”, mas sim “uma fotografia do momento”. As pessoas em lares que são testadas têm a obrigação de se proteger e aos outros também, referiu.

Graça Freitas indicou ainda que há outros lares com casos de infeção, nomeadamente na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas com uma situação mais controlada e que está a ser acompanhada pelas autoridades de saúde. “Os lares continuam a ser grande foco de preocupação.”

Questionada sobre os trabalhadores temporários na apanha da fruta no Oeste — à RTP o presidente da Câmara de Alcobaça alertou “para a necessidade de um plano de rastreio” para trabalhadores da colheita da fruta —, Graça Freitas adiantou que a Direção-geral de Agricultura e Veterinária e a DGS estão a trabalhar em conjunto para concluir orientações específicas que ajudem estes trabalhadores a adotar um conjunto de regras que minimizem o risco de infeção. O documento vai ficar encerrado “o mais depressa possível”.

Algarve: festa ilegal terá gerado 39 casos positivos. “Números estão sempre a evoluir”

Relativamente ao surto do Algarve, considerando a festa ilegal em Lagos, Graça Freitas confirmou que há 39 positivos.

“Os números serão esses, são números que estão sempre a evoluir, os testes estão a ser feitos. Pouco antes tivemos uma atualização de 37, portanto, é possível que agora já sejam 39. O que confirmo é que nesta festa as pessoas eram de vários sítios, portanto, a festa localizou-se num determinado concelho, mas as pessoas residiam em vários sítios. Elas estão disseminadas por várias regiões e vários concelhos do Algarve.”

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“Estas pessoas que adoeceram têm família e amigos próximos. Tem de haver anéis de contenção à volta destas pessoas para que o foco não se propague”, disse ainda, assegurando que é precisa rapidez a identificar estas pessoas para evitar cadeias de contágio.

“Admito que o medicamento dexametasona possa estar a ser utilizado” no combate à Covid-19

Relativamente ao medicamento dexametasona, Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed, afirmou que o fármaco está autorizado há muitos anos e que é de utilização comum em várias situações.

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É importante distinguir que não estamos a falar de um medicamento que se dirige especificamente à Covid-19”, afirmou, referindo-se a estudos que têm vindo a demonstrar que em doentes ventilados ou necessitados de oxigénio existe “um efeito positivo” na redução da mortalidade. Nos primeiros quatro meses do ano foram utilizadas cerca de 200 mil unidades.

Estamos a falar de um medicamento conhecido, é utilizado não só para estes doentes, está em utilização no SNS”, referiu ainda, admitindo que médicos poderão estar a usá-lo. “Admito que o medicamento dexametasona possa estar a ser utilizado” no combate à Covid-19. No entanto, Rui Santos Ivo passou uma mensagem de prudência: “Devemos aguardar pelos dados, pela análise”.

Rui Ivo disse ainda ser “natural que também esteja a ser usado em situações como aquelas que foram avaliadas no âmbito do ensaio” e que o Infarmed está a monitorizar a sua disponibilidade. “Não temos nenhuma indicação de indisponibilidade do medicamento. É evidente que iremos verificar as disponibilidades para termos as garantias de que o medicamento continua disponível no nosso país.”

Lacerda Sales referiu-se ainda ao “processo complexo” que é a aquisição das vacinas e disse que Portugal está a acompanhar a posição dos restantes Estados-membros da União Europeia para assim negociar com a indústria.

O secretário de Estado mencionou uma “iniciativa prévia por parte de quatro Estados-membros” — Itália, França, Alemanha e Irlanda —, que será acompanhada por Portugal. “Esta decisão terá de ser sempre cooperante e coletiva.” Ainda assim, o país está em “conversações com diversas empresas, algumas delas em fases mais avançadas. Não estamos dependentes desta posição que referi.”

O presidente do Infarmed reforçou o acompanhamento próximo com as várias empresas que estão a desenvolver as vacinas. “Há um número significativo de empresas, algumas em fases mais avançadas.”

Estamos a articular-nos para que as avaliações sejam feitas de forma gradual”, disse ainda, afirmando que os ensaios a decorrer possam ser avaliados de imediato. “Mais avançadas estão identificadas mais de uma dezena de vacinas, mas não posso prever os resultados dos ensaios que estão a decorrer.”

Lisboa e Vale do Tejo: “É natural que haja um aumento ligeiro de internamentos”

Logo no início da conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, referiu que Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a região que “concentra maior atenção” das autoridades de saúde. Foram detetados 282 casos, o que representa 84% dos novos casos.

“Lisboa e Vale do Tejo representa cerca de 40% do total de testes de diagnóstico feito em Portugal. No entanto, é preciso ter em conta que sendo a maioria dos novos casos nesta região e ainda que tenham sintomas ligeiros, é natural que haja um ligeiro aumento de internamentos”, afirmou Lacerda Sales, acrescentando que entre 1 e 15 de junho houve um acumular de 4153 novos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, “o que apesar de tudo se refletiu numa redução dos doentes em enfermaria de6% e num aumento dos doentes em cuidados intensivos de 7%”.

Números, diz o secretário de Estado, que estão dentro do “expectável” e que não representam “uma sobrecarga dos serviços de saúde”.

Quanto aos concelhos de Lisboa que apresentam focos de infeção, a diretora-geral da Saúde disse ainda que a “situação continua idêntica”, isto é, continuam a destacar-se os mesmos concelhos: Amadora, Loures, Odivelas, Sintra e “algumas zonas do concelho de Lisboa”.

Sintra continua a ser o concelho com mais novos casos

“Depois da fase dos testes, estamos a investir muito fortemente no confinamento” para que não haja transmissão, disse Graça Freitas. “Estamos numa fase estável e os resultados das nossas medidas só se vão começar a ver daqui a uns dias, não é imediato.”

A diretora-geral da Saúde acrescentou ainda que tem havido uma “política muito interventiva de procurar casos”: “Muitas destas pessoas assintomáticas poderiam não ser detetadas, mas nós fazemos questão de as detetar para as extrair do convívio normal com as outras pessoas.”

Lacerda Sales: “Esta pandemia não teve qualquer condicionamento financeiro”

António Lacerda Sales afirmou que é difícil precisar o dinheiro gasto desde o início da pandemia, adiantando que os gastos foram proporcionais à evolução da mesma. “Não houve qualquer tipo de condicionamentos financeiros para aquilo que teve de se gastar”, disse.

Lacerda Sales afirmou ainda que num momento em que se está a discutir o Orçamento Suplementar que houve “um reforço muito significativo de cerca de 500 milhões, o que é muito importante para o financiamento do SNS”. “Esta pandemia não teve qualquer condicionamento financeiro”, reforçou.

Menos de 1% do total de doentes ficou infetado em instituições de saúde

A diretora-geral de Saúde esclareceu ainda que, de acordo com a última avaliação que foi feita ao número de doentes e ao local onde se infetaram, concluiu-se que menos de 1% do total de doentes se infetou em instituições de saúde. “Felizmente, em Portugal, a segurança nos estabelecimentos de saúde tem sido bastante boa.”

Quanto ao surto no Bairro da Marinha, em Espinho, Graça Freitas adiantou que foram feitas mais de “oito dezenas de testes” e que ainda estão a ser realizados alguns testes. Os últimos dados da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, acrescentou ainda, dão conta de 13 casos positivos, todos “em contexto familiar”, ou seja, “não houve disseminação comunitária”.

E deixou um alerta: “Não chega a falsa sensação de se utilizar um termómetro”, disse Graça Freitas, que apelou às pessoas para comprar termómetros de qualidade, que estejam devidamente autorizados e bem calibrados, e que sejam bem utilizados. “Tudo tem uma técnica e é preciso saber interpretar o resultado. Muita atenção: medir a temperatura implica técnica e implica usar bons aparelhos”.