Na habitual conferência de imprensa sobre o estado da pandemia em Portugal, António Lacerda Sales, o secretário de Estado de Saúde, pronunciou-se sobre a eventual realização da festa do Partido Comunista Português, o Avante!. A Direção-Geral de Saúde (DGS) “não toma decisões políticas, toma decisões técnicas”, disse o responsável, afirmando que esta segunda-feira haverá uma reunião entre a DGS e a entidade promotora da festa do Avante e que será “de caráter exclusivamente técnico”.

Existe um trabalho conjunto a fazer com grande ponderação e essencialmente fruto de uma avaliação, também avaliação do risco e da própria atividade epidémica”, disse Lacerda Sales, acrescentando que “haverá garantidamente um pressuposto”: o cumprimento das regras sanitárias e das diretrizes da DGS.

Ainda quanto ao Avante!, o governante indicou que haverá um “documento inicial” sobre como “deve ser feito este trabalho técnico exaustivo e progressivo para que se possam garantidamente tomar boas decisões”. Lacerda Sales sublinhou ainda que falta conhecer algumas “questões” que terão de ser discutidas entre a DGS e o PCP: “Há muitas decisões que não conhecemos como circuitos, acessibilidades, numero de participantes, tipo de eventos, etc.

Marques Mendes: “Como é que o mesmo Governo que proíbe festivais de música no verão vai agora autorizar o Avante?”

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Quanto a outros eventos público, Larcerda Sales disse ainda que o que a DGS tem feito, é “falar com a entidade promotora de cada um dos eventos, seja a Festa do Avante, seja futebol, porque cada situação” respeita “a cuidados diferentes”. “Para já”, a estratégia é a “avaliação a cada caso e a cada momento”, e, até “prova em contrário”, será este o plano, disse. Já quanto à abertura de discotecas, Rui Portugal, o subdiretor-geral da Saúde indicou que serão situações avaliadas “caso a caso”, mas reforçou que mais importante do que as questões estruturais, são as “questões processuais”, isto é, “o que é que acontece à utilização de um determinado espaço”.

Por muito que eu possa ter um espaço em situação perfeito, o valor maior é como nós, como cidadãos, vamos utilizar este espaço numa situação pandemia como esta, que possa ser o maior ou menor risco”, afirmou Rui Portugal.

Desde maio que número de recuperados diário não era tão baixo. Terceiro dia com menos de 200 novas infeções

Numa conferência de imprensa que se seguiu à revelação de que a semana que passou teve o “menor número de infeções desde a semana que terminou a 15 de março” contra um número de recuperados diários que é o mais baixo, não só o Avante! esteve em foco. Quanto à aplicação para smartphonete de rastreio StayAway Covid, Lacerda Sales indicou que o Presidente da República já promulgou a aplicação, mas o diploma ainda não foi publicado.

Aguardamos pela publicação do diploma e com certeza que estará por dias novidades nessa matéria, como também já foi dito na semana passada pelo presidente da SPMS [Serviços Partilhados do Ministério da Saúde]”

Sobre o uso das máscaras em mais locais do que os até aqui previstos, outro dos temas quentes deste agosto, Rui Portugal, afirmou que é necessário fazer uma avaliação sólida e não uma discussão pública sobre este tema pois essa “terá o seu momento”. “Não há decisões definitivas num momento de grandes incertezas”, continuou. “Gostava de reafirmar esta ideia de que a DGS ouve os seus peritos” e salientou também que as “estratégias têm corrido bem”. Além disso, o subdiretor afirmou que se tem “aprendido com os erros” com o que não tem corrido tão bem.

Relativamente aos lotes de máscaras que chegaram a Portugal com defeito e foram inspecionados pela Direção-Geral do Consumidor (DGC), o secretário de Estado da Saúde garantiu que haverá um reforço da fiscalização para que máscaras com defeitos não cheguem ao mercado. Questionado na sequência das recomendações da DGC, que emitiu quatro alertas sobre máscaras com defeitos, Lacerda Sales indicou que existe uma “entidade fiscalizadora” e que essas máscaras que não são devidamente avaliadas “não deverão estar no mercado”.

Temos que reforçar provavelmente essas medidas de fiscalização e avaliação para defender a população em relação a esse tipo [máscaras com defeito] de situações menos boas”

Portugal tem 164 surtos ativos e há 72 lares com casos de Covid-19

Na mesma conferência de imprensa, Rui Portugal referiu que há atualmente 41 surtos no Norte, 10 no Centro, 84 em Lisboa e Vale do Tejo, 13 no Alentejo e 16 no Algarve, perfazendo um total de 164 surtos ativos. Os casos dos lares estão em enfoque, contudo, há outro tipo de contágios a ganhar relevância. “A região centro temos cerca de metade dos surtos com origem familiar”, explica.

Fica a mensagem para as famílias: quando coabitarem em período de férias [saibam] que há riscos”, salientou Rui Portugal

O secretário de Estado referiu ainda que existem 72 lares com casos ativos de Covid-19, o que representa 2% dos universo total. De acordo com Lacerda Sales, confirma-se uma “tendência de diminuição”, apesar de haver alguns focos novos. Ao todo, contabilizam-se 545 utentes e 200 profissionais infetados com Covid-19. O governante indicou ainda que mais de 940 mil pessoas já foram acompanhadas pela plataforma Trace Covid, “que conta com mais de 74 mil profissionais a fazer seguimentos”.

Já Rui Portugal, referiu que agora o “que interessa é que todos lares tenham condições o mais ideais possíveis para que estejam equipados devidamente para que sejam treinados relativamente a todos os gestos que protejam a eles e comunidades onde residem e comunidade”.

Estamos a ter resultados melhor do que existiam, os desafios continuam e podem estar a pensar que podemos alterar os nosso comportamentos e não é verdade — temos de reforçar”

Ainda quanto aos lares, Rui Portugal referiu que a situação mais relevante diz respeito ao lar de São José. “Estão pessoas internadas que já testaram negativo mas que estão sob observação”, constatou. Além, explicou que “não basta testar uma vez em alto risco, tem de se fazer testes que têm uma maior probabilidade de deteção” quanto a quem está ainda sob observação. “O que interessa é que todos os lares tenham as condições ideias” para todos os cuidados necessários, referiu também.