É um facto: Rui Pinto está mais ativo no Twitter — especialmente desde que foi libertado no início do mês e se encontra ao abrigo de um programa de proteção de testemunhas. Este sábado voltou ao ataque: o alvo foi Isabel dos Santos. A empresária angolana não se deixou ficar e respondeu este domingo às acusações. No final, deixou-lhe uma pergunta, em tom provocatório: “É verdade que lhe vão pagar salário como funcionário público e dar casa?”

O tweet do hacker que vai em setembro enfrentar um julgamento levanta a hipótese de a família Dos Santos ser “a real proprietária de uma das maiores propriedades muradas da Europa”, referindo-se à Herdade da Torre Bela, e de “cerca de uma dezena de outras propriedades na zona do Oeste”. Na mesma publicação, o criador do site Football Leaks partilha dois textos — cuja origem não é percetível — que levantam também a hipótese de o pai de Isabel dos Santos (antigo presidente angolano) ter adquirido a propriedade em causa.

Horas depois, a empresária angolana usou a sua própria conta no Twitter para responder a Rui Pinto, responsável pelos Luanda Leaks, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido que lhes terão permitido desviar dinheiro de fundos públicos angolanos.

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Engraçado Rui Pinto estar a fazer estas perguntas. Pensei que fosse um hacker com 715 mil documentos. Pelos vistos é um mero curioso que vive de fofoca. E é verdade que lhe vão pagar salário como funcionário público e dar casa?”.

Na semana passada, a PJ emitiu um comunicado esclarecer que não contratou o hacker nem sequer que lhe esteja a pagar qualquer vencimento, ao contrário do que foi avançado pelo Correio da Manhã. Mais: este órgão de investigação criminal esclareceu que “todas as despesas” com a proteção do arguido estão “ao abrigo do programa de proteção de testemunhas”.

PJ nega ter contratado Rui Pinto e garante que não paga ao hacker “qualquer vencimento”

Rui Pinto estava em prisão preventiva desde 22 de março de 2019 e foi colocado em prisão domiciliária a 8 de abril deste ano, mas em habitações disponibilizadas pela Polícia Judiciária. Na sequência de um requerimento apresentado pela defesa do arguido, a juíza Margarida Alves, presidente do coletivo de juízes que vai julgar Rui Pinto, decidiu colocá-lo em liberdade. O alegado pirata informático deixou as instalações da PJ este domingo. Ficou agora inserido no programa de proteção de testemunhas, sendo obrigado a apresentações semanais às autoridades.

Rui Pinto começa a ser julgado em 4 de setembro no Tribunal Central Criminal de Lisboa por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.