O presidente do PSD, Rui Rio, admitiu esta segunda-feira à noite votar favoravelmente o texto do Bloco de Esquerda de forma a viabilizar uma comissão de inquérito ao Novo Banco, depois do líder parlamentar, Adão Silva, já ter admitido horas antes que os sociais-democratas não iriam ter texto próprio e que votariam a proposta de outro partido. Em entrevista ao programa Polígrafo, da SIC Notícias, Rui Rio falou também de autárquicas e, sobre a hipótese de um candidato forte para Lisboa, o presidente do PSD começou por recusar-se em falar em nomes, mas elogiou as qualidades de Paulo Portas e disse que “está tudo em aberto“.

Relativamente à Comissão de Inquérito ao Novo Banco, o recém-eleito líder da bancada social democrata, Adão Silva, já tinha admitido esta segunda-feira que o PSD não iria apresentar nenhum projeto para uma comissão de inquérito ao Novo Banco e que o partido deveria votar um dos textos dos outros partidos ou um “texto conjunto”. Rio dá agora um passo em frente, admitindo votar concretamente a proposta do Bloco de Esquerda. Ora, isto sugere que prefere a proposta do BE à do PS, IL e Chega, que são os restantes partidos que apresentaram propostas de constituição de comissão de inquérito.

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Segundo Rui Rio, só depois de se saber se “o que foi pago para o Novo Banco [foi] justo” é que se poderá, ou não, “pagar mais para o Novo Banco”. “Se foi pago a mais é necessário acertar as contas”, defendeu o líder do PSD, considerando que é preciso “descobrir” tudo o que aconteceu porque a fatura para os contribuintes portugueses já é muito pesada.

Mais concretamente, referindo-se ao texto do BE sobre a comissão de inquérito, Rio diz que a leu: “Está certa, estou de acordo, voto a favor”. E disse ainda que uma nova auditoria poderia ser feita “talvez pelo Tribunal Contas, devidamente assessorado”.

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Relativamente às autárquicas, Rui Rio disse que, se Paulo Portas eventualmente avançasse — como sugeriu Miguel Poiares Maduro em entrevista ao Expresso — não significava que o PSD o fosse apoiar, mas destacou que “efetivamente é uma pessoa muito capaz hoje no panorama político“. Mas também reiterou que “nada está decidido”.

Já sobre as presidenciais, em relação ao apoio do PSD à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, Rio rejeitou dar para já uma posição formal do partido, que será decidida na reunião da comissão política nacional, mas disse que fica bastante claro que o partido apoiará formalmente um Presidente da República que foi “um dos fundadores do PSD, líder do PSD e que é o Presidente da República atualmente, numa altura em que o país precisa de estabilidade”. Apesar disso, admitiu que há militantes descontentes com Marcelo e pouco inclinados em votar no antigo líder o partido.

Questionado ainda sobre eventuais coligações à direita, com o Chega, Rui Rio voltou a rejeitar, considerando a linha ideológica do partido, alegando que o partido de André Ventura tem percorrido o caminho inverso àquele que era o necessário para se coligar com o PSD: “Neste mês e meio não vi o Chega moderado em nada, pelo contrário. Sem o Chega moderar a sua postura, o seu discurso, o que defende em muitos projetos-lei que são de perfil populista não, se se moderar logo se vê”.

O presidente do PSD admitiu ainda que seria “mais confortável” para o PSD ter “um CDS forte do que um Chega forte”, mas atribuiu a queda do CDS ao facto do partido ter feito uma oposição em que dizia “mal” do governo sem apresentar uma alternativa construtiva.