Esta quinta-feira vários países, em diferentes partes do mundo, registaram valores recorde de novos casos de Covid-19. Embora estes números surjam numa altura em que os países têm uma capacidade de testar consideravelmente superior à que tinham no início da pandemia, estes podem ser mais sinais de que a segunda vaga é uma realidade cada vez mais nítida em diferentes geografias.

Reino Unido

No Reino Unido, o número de casos anunciados esta quinta-feira foi de 6.634, o valor mais alto desde maio. A juntar a este dado, estão ainda as 40 mortes nas últimas 24 horas, elevando assim o total de pessoas que perderam a vida com a pandemia para 41.902. Se for tido em conta os casos em que um doente morreu com Covid-19 (mas não necessariamente de Covid-19), o número sobe para 57.600.

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Estes número são um “claro aviso”, de acordo com Ivonne Doyle, diretora médica do Public Health England. “Os sinais são evidentes. As taxas de positividade estão a subir em todos grupos etários e continuamos a ver aumentos nas taxas de admissão nos hospitais e nos cuidados intensivos”, sublinhou.

Esta terça-feira, num discurso à nação, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apelou ao cumprimento estrito das medidas adotadas pelo seu governo — aconselhou o teletrabalho em todos os casos em que ele é possível. “Temos de continuar a controlar o vírus e a salvar vidas”, disse.

França

Em França, voltou a atingir-se um novo pico (o mais alto de sempre): o quarto em apenas oito dias. Esta quinta-feira, o número de casos num só dia subiu para 16.096, ao passo que as mortes subiram em 52.

França conta assim 497.237 casos (sendo certo que na sexta-feira ultrapassará a marca do meio milhão) e 31.511 mortos nesta pandemia. Para evitar números piores, o Governo francês tomou medidas que intensificam o confinamento em cidades como Paris, Lille e Montepellier (que ficam em “alerta elevado”) e em especial em Marselha, que está em “alerta máximo”. Como tal, os bares e os restaurantes fecharam ao público naquela cidade do Sul de França.

A medida causou tensões entre os vários autarcas e o Governo, que se defendeu pela voz do primeiro-ministro, Jean Castex. “O que eu não quero é que voltemos a março”, disse.

Holanda

Na Holanda, o mês de setembro tem sido de sucessivos picos no número de novos casos e, esta quinta-feira, um novo máximo de 2.544 casos foi atingido — isto depois de os 2.357 da véspera terem sido já o máximo até então.

As mortes subiram também (mais 16), elevando o total para 6.312.

Até aqui, são seis as regiões da Holanda (incluindo a da capital, Amesterdão, e a de Roterdão) com o nível 2 de confinamento — medida que limita as horas de abertura dos estabelecimentos e que não permite ajuntamentos superiores a 50 pessoas. Porém, o Governo já fez saber esta quarta-feira que vai juntar outras oito regiões a essa lista.

Polónia

Também na Polónia se atingiu um novo pico esta quinta-feira: 1.136 novos casos, o número mais alto desde março, elevando o total de infeções para 82.809 desde o início da pandemia.

Ainda assim, o Governo procurou desvalorizar a gravidade da situação. “Não há grandes surtos, trata-se de surtos fragmentados, que são o resultado de um aumento dos contactos interpessoais”, explicou o Ministério da Saúde em comunicado.

Líbano

No Líbano, o recorde voltou a subir esta quinta-feira com um total de 1.027 casos, o que eleva o total para 32.805. Destes novos casos, 1.006 são contágios originados no Líbano e 21 do estrangeiro.

Estes números surgem numa altura em que o Líbano sofre uma grave crise política, com o Governo interino (que tomou posse depois de o anterior se ter demitido na sequência de vários casos de corrupção e da explosão no porto de Beirute) a decretar ordens de confinamento que não estão a ser respeitadas pela população.

Há, porém, quem aponte falhas ao Governo e às autoridades. O líder da comissão parlamentar libanesa para a Saúde, Assem Araji, disse esta quinta-feira que o Líbano “perdeu o controlo” da pandemia e está “a caminho da imunidade de grupo”.

“Não há qualquer coordenação entre os ministérios competentes no que diz respeito às políticas de prevenção”, disse, numa entrevista ao canal de televisão Al Jadeed.

Indonésia

Na Indonésia, pelo quarto dia consecutivo, o número de contágios voltou a atingir valores recorde. Desta vez, o número de novos casos chegou aos 4.634, elevando o total para 262.022 desde o início da pandemia.

Em conferência de imprensa, o porta-voz da equipa governamental dedicada ao combate da pandemia naquele país queixa-se do relaxamento da população.

“Vemos que à medida que o tempo passa cada vez mais pessoas começam a ignorar os protocolos de saúde. Não têm qualquer empatia pelas vítimas de Covid-19”, disse Wiku Adisasmito, de acordo com o Jakarta Post.

Myanmar

Também na Ásia, Myanmar (antiga Birmânia) atingiu um pico de 1.052 novas infeções, elevando o total de casos para 8.344.

Nesta altura, a capital de Myanmar, Rangun, está em confinamento. Além disso, as fronteiras terrestres estão fechadas e não é admitida a chegada a voos do estrangeiro.