Cinquenta e oito celebridades britânicas saíram em defesa de J.K. Rowling, mostrando-se contra o “discurso de ódio” de que a autora tem sido alvo nas redes sociais. Numa carta dirigida ao editor do The Times, o escritores Ian McEwan e Amanda Craig e os atores Frances Barber e Griff Rhys Jones, entre outros, afirmaram que a escritora tem sido “sujeita a um um abuso violento que mostra uma tendência insidiosa, autoritária e misógina das redes sociais”, apesar de ela se ter mostrado de forma consistente como uma “pessoa honrada e compassiva”.

Para justificar as declarações, o grupo deu como exemplo a hashtag #RIPJKRowling, que surgiu recentemente nas redes sociais depois de a autora de Harry Potter ter anunciado a publicação de um novo livro de Robert Galbraith, o pseudónimo que usa para assinar os seus thrillers, sobre um assassino em série que veste roupas de mulher para cometer os crimes.

A hashtag foi originada por uma crítica ao livro, Troubled Blood, publicada no The Telegraph, na qual o autor se questiona sobre “o que os críticos da postura de Rowling em relação aos assuntos trans vão dizer de um livro cuja moral parece ser: nunca confiem num homem de vestido”. A peça levou a uma nova onde acusações de transfobia dirigidas à escritora, apenas alguns meses depois de Rowling ter-se visto envolvida numa complicada polémica por ter feito pouco de um artigo sobre “a criação de um mundo pós Covid-19 mais igualitário para pessoas com menstruação”, e a apelos no Twitter para que o romance fosse queimado, refere o The Guardian.

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Ao contrário do que aconteceu em junho, quando Rowling fez o comentário sobre as pessoas com menstruação e passou uma semana a tentar esclarecer o assunto junto dos fãs no Twitter, desta vez a autora optou por permanecer em silêncio. No site Robert Galbraith, explica-se apenas que Troubled Blood, publicado a 15 de setembro, é inspirado em dois homicidas reais.

Segundo os subscritores da carta enviada ao The Times, a hashtag é “apenas o último exemplo de discurso de ódio digerido a ela e a outras mulheres que o Twitter e outras plataformas habilitam e aprovam implicitamente”. “Assinamos esta carta na esperança de que, se outras pessoas se mostrarem contra os ataques online dirigidos a mulheres, possamos, pelo menos, tornar isto menos aceitável”, afirmaram, acrescentando: “Desejamos o melhor a J.K. Rowling e estamos solidários para com ela”, cita a The Bookseller.

Apesar da polémica em torno de Trouble Blood, de acordo com a revista The Bookseller, o livro encontra-se no número 1 do top de vendas britânico, depois de ter vendido 64.633 cópias na primeira semana nas livrarias. O thriller vendeu até mais no primeiro dia de vendas do que o seu antecessor, Lethal White, numa semana. A versão em audiolivro foi a mais popular de sempre da editora Hackette UK, com 33 mil cópias vendidas.