Perante a possibilidade, nalguns casos hipotética e noutra já presente, de uma segunda vaga, países como Itália, Espanha, Bélgica e Islândia decidiram aplicar mais e novas medidas de confinamento no início desta semana. As medidas passam por garantir distanciamento físico entre pessoas e uso de máscara em público, ao mesmo tempo que evitam fechar restaurantes. Porém, nem todos os estabelecimentos ficam abertos nesta fase.

Conheça as medidas destes quatro países.

Itália

O governo de Itália quer que até pelo menos 31 de janeiro de 2021 o uso de máscara passe a ser obrigatório, inclusive ao ar livre, em toda a Itália. A medida foi anunciada pelo ministro da Sáude italiano, Roberto Speranza. Estas e outras medidas surgem de um decreto do primeiro-ministro que será votado na Câmara dos Deputados esta quarta-feira.

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Esta medida surge numa altura em que os números de novas infeções disparam em Itália, com uma média de 2.600 novos casos por dia nas últimas semanas. A medida de usar máscaras em todos os momentos já havia sido aplicada em regiões como o Lazio, cuja capital é Roma, Campânia, Basilicata e Calábria. No momento, outras medidas, como o encerramento antecipado do comércio e restaurantes, não estão a ser estudadas.

Além disso, os controlos serão aumentados porque, segundo o ministro, “as aglomerações são um risco real que não podemos permitir”, embora não tenha adiantou se utilizará o exército a fazê-lo, conforme noticiado por alguns meios de comunicação.

Speranza explicou que “a Itália, juntamente com a Alemanha, está melhor que o resto dos países europeus e está a responder melhor à segunda vaga“, mas advertiu que “não se deve ter ilusões”.

Seria profundamente errado só porque lidamos com esse número de infeções pensar que estamos fora. Seria um erro, um risco e uma avaliação totalmente privada de fundamento”, esclareceu.

O ministro explicou que esta nova medida é aplicada porque “a Itália está a passar por uma fase de progressivo crescimento dos números nas últimas nove semanas”.

Speranza acrescentou que em comparação aos meses de março e abril, quando o vírus atingiu principalmente as regiões do norte e ficou mais circunscrito, agora “nesta segunda onda, a novidade é que o crescimento é generalizado e atinge todos os territórios que haviam sido poupados na fase anterior”.

“Em dois meses houve um grande aumento de casos: hoje são 3.487 internados e temos 323 pessoas em cuidados intensivos. Esses números agora são sustentáveis para o nosso sistema de saúde. É claro que diante dos dias mais difíceis com 4.000 pessoas em cuidados intensivos, a situação é administrável, mas não podemos deixar de ver a tendência, o vírus circula”, destacou.

Speranza explicou que, além disso, na primeira fase a idade média dos casos era de 70 anos e agora é de 41 anos, e mesmo neste caso a tendência não tranquiliza porque em agosto a idade média da infeção era 31 anos.

Ao prorrogar o estado de emergência, que expira a 15 de outubro, e que será debatido no Parlamento, Speranza argumentou que isso corresponde ao estado em que se encontra o país. O ministro sublinhou ainda a necessidade de manter “as estruturas institucionais que se criaram nestes meses”.

Espanha

Em Espanha, o governo também está a aplicar caso a caso medidas de confinamento que já tinham sido levantadas ao longo do final da primavera e início do verão.

Em vez de aplicar estas medidas no escopo nacional (onde, por exemplo, já é obrigatório o uso de máscara na rua desde julho), o governo está a tomar essas medidas município a município, com aquilo que tem sido uma avaliação dos casos em cada um deles. Nalguns casos, são os próprios municípios que requisitam ao governo essa mesma tomada de medida — como é o caso de Zaragoza — e noutros o governo acaba por ter de negociá-las com as autoridades locais — como tem sido o caso da Comunidade de Madrid.

Por agora, há pelo menos 588 municípios (de um total nacional de 8.131) sob algum tipo de medidas restritivas, de acordo com a recolha da RTVE. Entre estes, há 37 onde estão impedidas as saídas e entradas que não sejam para casos excecionais — e, destes, 10 são na Comunidade de Madrid.

Depois, 19 municípios que retrocederam ou que se preparam para recuar até à fase 2 de confinamento. Aqui, as medidas variam de localidade para localidade, consoante as suas prioridades. Restam ainda 532 municípios que estão com algum tipo de restrições, embora não tão severas.

Ao todo, de acordo com as contas da RTVE, as medidas em causa afetam mais de 11,3 milhões de espanhóis, o que representa praticamente um 1/4 da população daquele país. Destes, sabe-se ainda especificamente que mais de 5,4 milhões (11,7%) da toalidade da população) está confinada em casa, ao passo que o resto, por estar a trabalhar ou em aulas, chega a sair de casa diariamente.

No caso de Zaragoza, as medidas vão ficar em vigor até 15 de outubro, o que impedirá dessa forma a realização das habituais Fiestas del Pilar, que seriam celebradas dia 12. Até lá, haverá limitações no funcionamento do comércio e também o setor hoteleiro naquela cidade.

Ao mesmo tempo, há algumas localidades que estavam confinadas desde 26 de setembro e que agora levantam essas restrições, como Badajoz e Andorra (o município da província de Teruel, na Catalunha, e não o principado).

Estas medidas surgem numa altura em que Espanha atravessa uma segunda vaga da Covid-19. Esta terça-feira, foram anunciados 11.998 novos contágios e um acréscimo de 261 mortes.

Bélgica

Esta terça-feira, o ministro da Saúde da Bélgica, Frank Vandenbroucke, anunciou novas medidas de controlo da pandemia que vão entrar em efeito a partir de 9 de outubro, isto é, sexta-feira.

As medidas em causa são sobretudo de apelo cidadão, em que cada um terá de observar por si recomendações do governo. Uma delas será restringir os contactos físicos em que a distância não é salvaguardada a apenas três pessoas. De acordo com o Le Soir, estas três pessoas têm de ser as mesmas durante cada mês.

Será também possível receber pessoas em casa, mas desde que o número total de pessoas (entre os habitantes da casa e as visitas) não ultrapasse os quatro. Esta regra aplica-se também às mesas dos cafés, sejam elas no interior ou no exterior. Além disso, os estabelecimentos vão ter de fechar até às 23h00.

O governo da Bélgica recomenda ainda que o teletrabalho seja o meio privilegiados para as empresas que por ele possam optar.

Islândia

Outrora um exemplo na gestão da pandemia da Covid-19, por força da sua elevada capacidade de testagem, a Islândia está desde esta segunda-feira a aplicar medidas de confinamento que entretanto já tinha levantado no final de maio.

A partir de esta segunda-feira, passaram a ficar fechados os bares, discotecas, casas de apostas e jogos de sorte e azar, além de ginásios. As piscinas podem continuar a funcionar, mas apenas a 50% da sua capacidade.

De resto, passam a ser proibidos ajuntamentos de mais de 20 pessoas — consideravelmente abaixo das 200 que até aqui eram permitidas. Além disso, o uso de máscara passa a ser obrigatório, mesmo que seja ao ar livre, em todas as situações em que não for possível guardar uma distância de segurança de 1 metro entre pessoas que não vivam na mesma casa.

Há, porém, exceções a esta regra dos ajuntamentos até 20 pessoas. Há outros limites para escolas secundárias e universidades (30), funerais (50), grandes superfícies comerciais (100), prática de desportos coletivos ao ar livre (50) e também assistência a eventos desportivos (100). Sem limite fixo de pessoas, e por isso isentos das regras dos aglomerados até 20 pessoas, estão o parlamento, os tribunais e as equipas de resposta a emergência.

Quanto aos restaurantes e cafés, mantém-se a abertura até aqui em vigor —  o que significa que terão de fechar às 23h00.

Estas medidas surgem numa altura em que os casos voltaram a disparar naquele país de cerca de 340 mil habitantes. Esta segunda-feira, foram diagnosticados 59 novos casos e ao todo havia 670 casos ativos na Islândia. Enquanto isso, o número de mortos permanece nos 10 — o mesmo valor desde 20 de abril, data da última morte atribuída à Covid-19.

(Nota: Artigo atualizado às 17h49 de 6 de outubro de 2020 com as medidas anunciadas em Espanha e Islândia; com nova atualização às 19h12 do mesmo dia com informação referente à Bélgica)