Os microfones de Donald Trump e Joe Biden vão estar desligados durante parte do debate de quinta-feira. A medida tem como objetivo evitar que os candidatos se interrompam quando um estiver a responder a uma pergunta.

A medida foi anunciada na segunda-feira pela Comissão de Debates Presidenciais (CDP) que pretende prevenir, como escreve o New York Times, “o espetáculo indisciplinado que ocorreu no primeiro encontro entre os candidatos em Cleveland no mês passado”.

O debate de dia 22 de outubro irá desenrolar-se nos moldes do anterior: 90 minutos de discussão moderados por um jornalista, divididos em segmentos de 15 minutos, durante os quais cada candidato tem dois minutos para responder a uma questão ou opinar sobre um assunto, sem interrupções, antes de prosseguirem para debate aberto.

Assim, esclarece a CDP, “para impor esta regra previamente acordada [a que dita que os participantes não se podem interromper durante os dois minutos de intervenção], o único candidato que terá o microfone ligado durante os períodos de dois minutos, será o candidato que tem o palco”. Terminado o tempo, Trump e Biden poderão debater-se sob a moderação da jornalista da NBC  Kristen Welker.

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A equipa do atual Presidente norte-americano não ficou satisfeita com esta mudança nas regras. Bill Stepien, gestor de campanha de Trump escreveu mesmo uma carta à CDP que publicou no twitter, onde dizia ser “totalmente inaceitável que alguém tenha esse poder” e que “a decisão de prosseguir com esta mudança equivale a entregar ainda mais controle editorial à comissão do debate”.

Na mesma carta, Stepien critica a mudança de temas, que também causou alguma inquietude entre os republicanos, uma vez que estavam a contar, à luz daquilo que é habitual, que o debate girasse à volta de política estrangeira. Em vez disso, a discussão vai centrar-se na Covid-19, famílias americanas, raça na América, alterações climáticas, segurança nacional e liderança, conforme tinha sido anunciado já na semana anterior.

O próprio Donald Trump também mostrou o seu desagrado aos jornalistas no final do comício do Arizona. Confirmou, no entanto, que isso não o impediria de ir ao debate: “Vou participar, só acho muito injusto que tenham mudado os tópicos e que tenhamos, outra vez, um moderador que é totalmente tendencioso”.

A CDP disse, no comunicado em que lançaram as novas regras, que estavam cientes de que a decisão poderia não agradar a ambas as partes. “Um pode pensar que vamos longe de mais, e o outro pode pensar que não vamos longe o suficiente. Estamos confortáveis de que estas ações encontram o equilíbrio certo e que são do interesse dos cidadãos americanos, para quem estes debates são feitos”.

A reposta pela campanha de Biden foi mais tardia e chegou por um dos seus porta-vozes, T. J. Ducklo, que disse que Bill Stepien enviou aquela carta “porque Donald Trump tem medo de enfrentar mais perguntas sobre a sua desastrosa resposta à Covid-19”.

O debate está marcado para a próxima quinta-feira, 22 de outubro, e é o último encontro entre os candidatos antes das eleições americanas marcadas para dia 3 de novembro.