O alto-representante para a Política Externa da união Europeia, Josep Borrell, manifestou esta segunda-feira preocupação com os riscos para a integridade do país e da região do atual conflito na Etiópia, oferecendo o apoio da UE para o restabelecimento do diálogo.

O governo federal etíope tem em curso desde a semana passada uma operação militar na região separatista de Tigray, da qual terão já resultado várias baixas entre soldados dos dois lados em conflito.

Numa declaração, Josep Borrell adiantou que nos últimos dias tem mantido conversações para apoiar “os esforços de restabelecimento da paz e do diálogo político na Etiópia”.

Durante as minhas conversações com o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, transmiti a preocupação da UE com os riscos para a integridade do país e a estabilidade da região em geral, caso a situação atual perdure”, disse.

“A este respeito, ofereci o apoio da UE para qualquer ação que contribua para a diminuição das tensões, o regresso ao diálogo e a garantia do Estado de Direito em toda a Etiópia”, acrescentou.

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Joseph Borrel revelou também ter mantido conversações com o primeiro-ministro Abdalla Hamdok, do Sudão, na qualidade de presidente da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), e com a presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.

“Renovei o apoio da UE a qualquer iniciativa da IGAD e da União Africana para abordar a situação”, disse, adiantando ainda estar em “consultas adicionais” com outros parceiros em toda a região.

A estabilidade na região continua a ser uma prioridade para a União Europeia”, reforçou.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, disse esta segunda-feira que operação militar em curso na região de Tigray será “concluída em breve”, numa declaração que está a ser entendida como pretendendo tranquilizar os aliados, que temem a escalada para uma guerra civil.

Abiy lançou uma intervenção nesta região norte do país a 4 de novembro, em resposta a alegados ataques a duas bases militares federais pelas forças das autoridades regionais de Tigray, que negaram o envolvimento nestes ataques.

“As preocupações de que a Etiópia mergulhará no caos são infundadas e resultam de um profundo mau entendimento do nosso contexto”, escreveu Abiy na rede social Twitter. “A nossa operação, como Estado soberano capaz de gerir os seus assuntos internos, terminará em breve pondo fim à impunidade existente”, acrescentou.

A Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês), o partido que dirige a região e dominou o poder na Etiópia durante 30 anos, até Abiy se tornar primeiro-ministro em 2018, tem vindo a desafiar a autoridade do governo federal durante vários meses.

Os seus líderes afirmam que têm sido injustamente visados por processos anticorrupção, afastados de posições de responsabilidade e culpados por todos os males do país. Pela sua parte, Abiy acusa a TPLF de procurar minar a sua agenda de reformas.

A tensão entre o governo federal etíope e as autoridades regionais em Tigray aumentou consideravelmente desde que a TPLF realizou eleições regionais em setembro, votação que Adis Abeba considerou “ilegítima”.

A comunidade internacional manifestou preocupação pelo facto de o segundo país mais populoso de África (mais de 100 milhões de pessoas) estar a afundar-se num longo conflito entre o poderoso exército federal e as forças de segurança do Tigray altamente treinadas.

Segundo uma contagem da agência France Presse (AFP) baseada em testemunhos de fontes médicas e de trabalhadores humanitários, mais de 200 soldados foram feridos e oito mortos no âmbito desta operação.

Os cortes da Internet e das redes telefónicas em Tigray torna extremamente difícil a verificação da situação no terreno, segundo a AFP.