O psiquiatra Júlio Machado Vaz alertou esta quinta-feira para o risco de a pandemia da Covid-19, da qual as pessoas “estão muito cansadas”, provocar, de forma lenta mas crescente, o aparecimento de problemas psicológicos.

“Algo que me preocupa é o cansaço, as pessoas estão muito cansadas”, afirmou o médico, um dos oradores de uma videoconferência sobre a Covid-19 copromovida pelo Instituto Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, assinalando que “os problemas psicológicos têm a astúcia de começar lentamente e irem crescendo”.

Segundo Júlio Machado Vaz, que fez a sua intervenção através de um vídeo pré-gravado, a “patologia psiquiátrica” poderá “exigir uma atenção aturada” dentro de seis meses a um ano, apesar de haver “a esperança de uma ou mais vacinas, de um ou mais tratamentos” contra a Covid-19, uma doença respiratória que se disseminou rapidamente pelo mundo.

O médico advertiu, em particular, para os perigos das “formas artesanais de lidar com a ansiedade” em tempo de pandemia, como o consumo de bebidas alcoólicas, “que tem vindo a subir na Europa”.

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Júlio Machado Vaz pediu mais respostas na área da saúde mental, a “parente pobre em investimento em saúde”, considerando que “é gravíssimo” o adiamento de exames, cirurgias e rastreios a doentes sem Covid-19. “Não existe apenas uma pandemia, continua a haver outras doenças”, recordou, sustentando que “o equilíbrio terrivelmente difícil” entre ambas “tem que ser tentado”.

O Instituto Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o Centro de Investigação de Direito Europeu, Económico, Financeiro e Fiscal e a Cátedra Jean Monnet promoveram esta quinta-feira a primeira sessão do ciclo de conferências “Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia”.

A sessão tinha como título “Covid-19: O Regresso da Peste?”.