No âmbito do caso Cashball, a Polícia Judiciária (PJ) apurou, através de escutas telefónicas, que Paulo Silva, o denunciante e único acusado do processo, terá feito um acordo com os “jornalistas do Correio da Manhã” para conceder uma entrevista ao jornal, pela qual receberia 30 mil euros, revela o Expresso.
Na entrevista, Paulo Silva revelara “todo o conteúdo do objeto de investigação” do processo Cashball, de acordo com a PJ. Os 30 mil euros alegadamente prometidos pelos jornalistas do Correio da Manhã estariam divididos em dois montantes: 20 mil euros destinados a que Paulo Silva falasse sobre o processo no futebol e 10 mil para abordar os casos no andebol.
Ainda assim, uma conversa intercetada pela PJ entre Paulo Silva e Carlos Macanjo, advogado, revelou também o Expresso, sugeriu que o valor não terá sido pago. O advogado terá repreendido Paulo Silva, dizendo-lhe que deveria ter feito um contrato por escrito com a Cofina, de modo a garantir a quantia prometida.
Em declarações ao Expresso, Otávio Ribeiro, diretor do Correio da Manhã, negou que o jornal tenha pago pelas entrevistas, descrevendo a acusação como sendo “surreal” e “uma loucura”. E foi taxativo: “Do orçamento do Correio da Manhã não saíram 30 mil, três mil ou sequer três cêntimos”. Entretanto, o jornal emitiu ao fim da tarde desta terça-feira uma nota de direção em que reforça tal imputação.
A Direção do Correio da Manhã desmente, de forma indignada e categórica, a imputação de acordo para pagamento de declarações exclusivas do denunciante no caso Cashball! Nunca pagámos nem pagaremos a alguém para prestar declarações!”, pode ler-se na nota publicada no seu site e na qual se acrescenta: “A Direção do CM nunca aceitou essas práticas. Condena-as, aliás, por poderem manipular a verdade dos factos. Desconhecemos ainda em que indícios a PJ assenta essa grave presunção de acordo para declarações em ‘on’, mas estamos seguros de que são fundados em sinais falsos, que mais não poderão provar do que o trabalho agressivo e corajoso dos seus jornalistas, para servir a verdade dos factos aos seus Leitores. A presunção de pagamento de declarações é, em si mesma, uma difamação grave sobre o CM, que não iremos deixar impune.”
Recorde-se que Paulo Silva foi o único acusado de corrupção desportiva em forma tentada no processo Cashball. Os outros três arguidos, entre os quais André Geraldes, foi ilibado.
Notícia atualizada às 20h45 com a nota de direção do Correio da Manhã.