Surgiu a 17 de novembro de 2019, há exatamente um ano, o primeiro caso conhecido de Covid-19 no mundo. Foi diagnosticado na província chinesa de Hubei, em Wuhan.

Selecionámos algumas fotografias e a cronologia dos acontecimentos mais marcantes, em ano de pandemia, em Portugal e no mundo.

Apesar de os primeiros casos só terem chegado a Portugal dia 2 de março de 2020, o país conta já com 225 672 pessoas infetadas e perto de 3500 mortes.

2019

17 de novembro – O primeiro caso conhecido de infeção pelo Covid-19, na província chinesa de Hubei, em Wuhan.

31 de dezembro – O gabinete da Organização Mundial de Saúde (OMS) na China informa sobre mais de duas dezenas de casos de pneumonia de origem desconhecida detetados em Wuhan, na província de Hubei.

Ao longo do mês seguinte, surgem centenas de casos na China, no resto da Ásia. A Itália foi o primeiro país da Europa com os casos mais numerosos e graves, seguindo-se Espanha.

2020

10 e 11 de janeiro – As autoridades chinesas identificam o agente causador das pneumonias como um tipo novo de coronavírus, que foi isolado em sete doentes.

15 de janeiro – Primeira declaração das autoridades portuguesas sobre o novo coronavírus. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, estima, com base nas informações provenientes da China, que o surto estará contido e que uma eventual propagação em massa não é “uma hipótese no momento a ser equacionada”.

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22 de janeiro – Portugal anuncia que acionou os dispositivos de saúde pública e põe em alerta o Hospital de São João (Porto), o Curry Cabral e o Estefânia (Lisboa).

25 de janeiro – Primeiro caso suspeito em Portugal; análises revelam que é negativo.

30 de janeiro – O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que Portugal está “a acompanhar atentamente” a situação dos portugueses que vão ser trazidos da China devido ao novo coronavírus e “em colaboração permanente” com a OMS.

28 de fevereiro – Governo português reforça em 20% o stock de medicamentos em todos os hospitais do país, além de estar a preparar um eventual reforço de recursos humanos.

2 de fevereiro – Os 18 portugueses e as duas brasileiras retirados da cidade de Wuhan, cidade da China onde começou a epidemia, chegam a Lisboa e ficam em isolamento voluntário por 14 dias.

Os 18 portugueses e as duas brasileiras retirados da cidade de Wuhan, cidade da China onde começou a epidemia, chegam a Lisboa e ficam em isolamento voluntário por 14 dias. MÁRIO CRUZ/LUSA

25 de fevereiro – Marcelo Rebelo de Sousa considera que o surto do novo coronavírus pode transformar-se num “problema europeu”, com o aumento de casos em Itália, mas alerta para a impossibilidade do fecho de fronteiras.

29 de fevereiro – Primeiro-ministro, António Costa, apela à população para reforçar as medidas de prevenção para conter os riscos de contaminação, salientando que é importante ter a consciência dos riscos e evitar alarmismos.

2 de março

– Confirmados dois primeiros casos em Portugal

– Funcionários públicos em teletrabalho ou isolamento profilático sem perda de salário em Portugal, segundo um despacho do Governo.

– O Presidente considera que a existência de casos positivos de novo coronavírus em Portugal era uma “notícia esperada há muito tempo”, mas pede que “não se deve entrar em alarmismos”.

– António Costa recomenda “calma e serenidade” aos portugueses e diz confiar no sistema de saúde do país.

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3 de março

– O Presidente defende que deve ser o Governo a ter a “primazia” na gestão da epidemia Covid-19, mas admite que, por sua vontade, “já lá estava”, próximo dos portugueses infectados.

4 de março – No dia em que o número de casos sobe para quatro, o primeiro-ministro anuncia linha de crédito para apoio de tesouraria a empresas afetadas pelo impacto económico do surto do novo coronavírus, caso seja necessário, no valor inicial de 100 milhões de euros.

8 de março – O Presidente da República, que dias antes estivera com uma turma de uma escola de Felgueiras (Porto), entretanto encerrada devido ao internamento de um aluno, suspende a agenda por duas semanas e permanece em casa sob monitorização, “apesar de não apresentar nenhum sintoma” de infecção. Resultados das análises são negativas.

10 de março – Governo português suspende voos para todas as regiões de Itália por 14 dias (depois prolongado).

12 de março

– Primeiro-ministro anuncia fecho de todas as escolas a partir de 16 de março, encerramento de discotecas, restrições em restaurantes, centros comerciais, serviços públicos e proibição de desembarque de passageiros de cruzeiros.

– Estado de alerta declarado em todo o país, com proteção civil e forças e serviços de segurança em prontidão.

– Os partidos cancelam as suas agendas e as reuniões são, na sua maioria, feitas à distância, por videoconferência, por exemplo.

14 de março

– Ministra da Saúde, Marta Temido, anuncia que Portugal entrou “numa fase de crescimento exponencial da epidemia”, com 169 casos confirmados.

Em Espanha, onde há mais de 5.700 casos, Governo impõe “medidas drásticas” no âmbito do estado de alerta, proíbe cidadãos de andar na rua, exceto para irem trabalhar, comprar comida ou à farmácia.

15 de março – A partir de sua casa, e através de vídeo, o Presidente convoca Conselho de Estado para 18 de março. Objetivo: discutir a “eventual decisão de decretar o estado de emergência” em Portugal.

Covid-19. Um dos portugueses que desembarcaram do cruzeiro que atracou em Lisboa testou positivo

16 de março – Governo português anuncia o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.

– Portugal intensificou o controlo sanitário nos aeroportos.

17 de março – Presidente termina quarentena voluntária em casa, depois dos testes negativos, e vai para o Palácio de Belém.

18 de março – À noite, o Presidente faz uma comunicação ao país em que anuncia o estado de emergência que prevê medidas excecionais como, por exemplo, o confinamento obrigatório compulsivo dos cidadãos em casa e restrições à circulação na via pública, a não ser que seja justificada.

O Presidente da República decreta o Estado de Emergência. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

– No debate parlamentar, Rui Rio, líder do PSD, oferece colaboração ao Governo que, neste combate, “não é de um partido adversário”. O “PSD não é oposição, é colaboração”, disse.

19 de março – À meia-noite entra em vigor o estado de emergência, inédito em 46 anos de democracia.

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2 de abril – Parlamento aprova prolongamento, por mais duas semanas, do estado de emergência devido à pandemia de Covid-19. António Costa considera “absolutamente imprescindível” a renovação do estado de emergência em Portugal, avisando que o contrário seria dar “um sinal errado” quando existem riscos acrescidos.

– O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, admite que Portugal possa registar um número na ordem dos 20 ou 30 mil infetados até 17 de abril e considerou que o presente mês é crucial e que não se pode “baixar a guarda”.

7 de abril – O Presidente da República avisa que o embate da pandemia na economia e na sociedade “pode durar uns anos” e defendeu que “tem de se pensar a prazo” e não apenas “tapar buracos”.

– Marcelo Rebelo de Sousa defende que é preciso manter o esforço de confinamento em abril para dar passos de liberdade em maio, tanto no sistema escolar, como na atividade económica e social.

– Mais de 7.000 voluntários respondem ao apelo do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) para ajudar durante a pandemia de covid-19. Ministro da Defesa afirma, numa reunião da União Europeia, que as missões militares europeias devem manter-se, com ajustamentos.

9 de abril – O primeiro-ministro anuncia que, até ao 9.º ano, todo o terceiro período prosseguirá com ensino à distância, com avaliação, mas sem provas de aferição nem exames. No ensino secundário ainda pode haver aulas presenciais no terceiro período. O calendário de exames é adiado, só abrangendo os exames específicos para acesso ao Ensino Superior.

10 de abril – O Presidente da República anuncia que pretende renovar o estado de emergência por mais 15 dias, até maio, defendendo que não se pode “brincar em serviço” nem “baixar a guarda” no combate à propagação da Covid-19.

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15 de abril – O Presidente da República admite que, se a contenção da propagação da covid-19 em abril correr como esperado, maio pode ser um “mês de transição” para uma “retoma progressiva da vida social e económica”.

16 de abril – O Presidente da República propõe ao parlamento a segunda prorrogação do estado de emergência em Portugal até 2 de maio. Prevê-se a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais” e é permitida a comemoração do Dia do Trabalhador, embora com limites.

– Marcelo Rebelo de Sousa anuncia mais um prolongamento do estado de emergência e disse esperar que seja a última vez.

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17 de abril – Presidente da República reafirma que vai participar nas comemorações do 25 de Abril, numa altura em que CDS-PP e Chega contestam a realização da sessão solene comemorativa na Assembleia da República, face às restrições impostas para combater a propagação da Covid-19.

20 de abril –  O primeiro-ministro pede “bom senso” e considera que a polémica sobre as comemorações do 25 de Abril no parlamento é resultado de algum “nervosismo” e “fadiga”, frisando que a Assembleia da República está a funcionar.

23 de abril – Os líderes europeus aprovam pacote de emergência acordado na semana anterior pelos ministros das Finanças da União Europeia (UE) e a respetiva entrada em vigor até 1 de junho. O pacote ainda terá de ser negociado ao pormenor, o primeiro-ministro considera que, se o fundo de recuperação económica se concretizar nos moldes defendidos pela maioria dos Estados-membros, os países vão dispor de uma bazuca contra a crise.

24 de abril – O Governo proíbe deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 1 a 3 de maio, como aconteceu na Páscoa.

25 de abril – O Presidente da República usa o discurso na sessão solene no parlamento para defender as comemorações do 25 de Abril: “Deixar de evocar o 25 de Abril no tempo em que está a ser mais testado seria um absurdo cívico. Seria um mau sinal, um péssimo sinal de falta de unidade.”

28 de abril – O Presidente da República anuncia que não vai propor a renovação do estado de emergência, que termina em 2 de maio, mas alerta que isso “não é o fim do surto” de Covid-19 e rejeita “qualquer facilitismo” nos cuidados a ter por parte da população.

29 de abril – Arranca a desinfecção, gradual e faseada, de centenas de escolas por todo o país, preparando-as para a reabertura das aulas presenciais dos 11.º e 12.º anos de escolaridade.

As aulas do 11º e 12º ano foram retomadas. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

1 de maio – Termina estado de emergência em Portugal e as medidas de excepção começam a ser levantadas por fases. É declarada a situação de calamidade pública.

– Marcelo Rebelo de Sousa falou ao telefone com o Presidente norte-americano, Donald Trump, que elogiou o desempenho de Portugal e ofereceu toda a ajuda dos EUA no combate à pandemia.

4 de maio – Deputados são obrigados a usar máscara na Assembleia da República.

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7 de maio – Marcelo Rebelo de Sousa falou pelo telefone com o Presidente chinês, Xi Jinping. Os dois presidentes destacaram a cooperação no combate à covid-19 e falaram sobre o material vindo da China para Portugal.

– Conselho de Ministros proíbe a realização de festivais de música até 30 de setembro. PCP adia posição sobre festa do Avante, em setembro, abrindo uma polémica que se prolongou por cinco meses, até setembro.

Deputados são obrigados a usar máscara na Assembleia da República. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

8 de maio – António Costa admite que a festa do Avante se poderá realizar, desde que sejam cumpridas as orientações sanitárias da Direção-Geral da Saúde devido à pandemia por que a atividade política dos partidos “não está proibida”.

10 de maio – Secretário-geral do PCP rejeita que a festa do Avante seja considerada um festival e afirmou que o partido não tem uma “posição fechada” sobre a sua realização, afirmando que “os comunistas portugueses são muito criativos”.

Fátima foi “deserto escuro” num santuário vazio, em noite de velas sem luz

29 de maio – Conselho de Ministros alivia medidas e aprova o fim do “dever cívico de recolhimento”, a parir de 1 de junho.

31 de maio – O primeiro-ministro convida o gestor da petrolífera Partex António Costa Silva para “coordenar a preparação do Programa de Recuperação Económica”.

4 de junho – Governo aprova o Programa de Estabilização Económica e Social, em vigor até ao fim do ano. Algumas das medidas são: subsídio social de desemprego é prorrogado automaticamente até ao final do ano; é criado um complemento de estabilização, entre 100 e 300 euros, para trabalhadores com perda de rendimento; regime simplificado de ‘lay-off’ de proteção à manutenção de postos de trabalho vai vigorar até julho; contratação de mais 2.700 profissionais de saúde.

15 de julho – O primeiro-ministro avisa que o país não aguenta um novo período de confinamento por causa da covid-19 e que o tempo é “curtíssimo” para a sociedade se preparar para o próximo inverno.

18 de agosto

– Surto em lar de Reguengos de Monsaraz, distrito de Évora, causa abalo político de Verão. Quase duas dezenas de pessoas, na maioria idosos, morrem devido a doença. Oposição e Governo trocam acusações.

– Ordem dos Médicos reúne-se com António Costa depois de criticar a ministra do Trabalho. Ana Mendes Godinho, numa entrevista ao Expresso, tinha admitido que faltam funcionários nos lares, lembrando que há um programa para colmatar essa falha, mas considerou que a dimensão dos surtos “não é demasiado grande em termos de proporção”.

Lar de Reguengos. Funcionárias e familiares fazem relatos de “caos” e “terror”: “Houve ali muita negligência”

17 de setembro – O primeiro-ministro convoca com caráter de urgência uma reunião do gabinete de crise para o acompanhamento da evolução da covid-19 em Portugal, face ao “contínuo aumento” de novos casos diários de infeção e avisa que, se a evolução se mantiver, poderá atingir os mil casos diários.

4 de outubro – Conselheiro de Estado António Lobo Xavier está infetado. Todos os membros do órgão de consulta do Presidente são testados e têm resultado negativo. A presidente da comissão europeia, presente na reunião de 29 de setembro, também e faz isolamento voluntário, em Bruxelas.

5 de outubro – O Presidente apela à unidade no essencial na resposta à crise provocada pela covid-19, com equilíbrio entre proteção da vida e da saúde e da economia, e sem dramatização a mais nem a menos, nas comemorações dos 110 anos da implantação da República, na Câmara de Lisboa.

14 de outubro – O Governo eleva nível de alerta em Portugal continental para situação de calamidade. O país encontrava-se há semanas em situação de contingência.

– Apresenta proposta para que seja obrigatório o uso de máscara na via pública e a utilização da aplicação ‘stayaway covid’ em contexto laboral e escolar, medida considerada inconstitucional por especialistas e partidos. A multa vai de 100 a 500 euros.

22 de outubro – Conselho de Ministros aprova uma resolução que proíbe a circulação entre diferentes concelhos do território continental no período entre as 00:00 de 30 de outubro e as 00:30 de dia 03 de novembro, o fim de semana que corresponde ao Dia de Finados.

23 de outubro – Proposta de uso de máscara é aprovada no parlamento.

29 de outubro – Governo reuniu-se durante cerca de oito horas para decidir novas medidas de resposta à pandemia. Cento e vinte e um municípios vão ficar abrangidos, a partir de 04 de novembro, pelo dever cívico de recolhimento domiciliário, novos horários nos estabelecimentos e teletrabalho obrigatório, salvo “oposição fundamentada” pelo trabalhador.

2 de novembro – Primeiro-ministro pede ao Presidente a declaração de um estado de emergência “com natureza preventiva” para “eliminar dúvidas” sobre a ação do Governo para a proteção dos cidadãos em relação à pandemia da covid-19 em quatro áreas.

5 de novembro – Presidente da República anuncia decreto sobre o estado de emergência, pelo período de 15 dias, entre 9 e 23 de novembro, após parecer favorável do Governo. Dezenas de concelhos ficam com recolher obrigatório aos fins-de-semana das 13h00 às 5h00 do dia seguinte.