Desde o início da pandemia, 45% das empresas de restauração e bebidas com espaços arrendados não conseguiram pagar a renda. Destas, a maioria — 65% têm três ou mais meses de rendas em atraso. Os números constam no inquérito mensal da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), divulgado esta quinta-feira, segundo o qual, “sem apoios diretos à tesouraria”, 48% das empresas de restauração e 32% do alojamento “não resistem nos próximos dois meses”.

O inquérito revela que 62% das empresas da restauração tentaram reduzir o valor da renda junto do senhorio, mas apenas 35% tiveram sucesso. Os menores níveis de atividade estão ainda a levar as empresas a despedir funcionários: 46% já o fizeram e, destas, 17% reduziram o número de trabalhadores em mais de metade.

Em novembro, mais de metade (56%) das empresas da restauração registaram uma quebra de faturação superior a 60%. E 40% das empresas ponderam avançar para insolvência, “dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua atividade”.

Já no setor do alojamento turístico, 39% das empresas registaram perdas acima dos 90%. Para o mês de dezembro, cerca de 45% das empresas estimam uma taxa de ocupação zero, percentagem que se agrava para janeiro, sendo referida por mais de 56% das empresas.

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Perante o que diz ser a “evidência da forte debilidade deste tecido empresarial“, a AHRESP pede medidas “urgentes” de reforço de liquidez das empresas, de maior proteção do emprego e de alívio no pagamento
das rendas comerciais. “Aguarda-se por isso, com natural expetativa, as medidas que o Ministro da Economia possa vir a apresentar no curto prazo.” Para a tarde desta quinta-feira, o ministro Pedro Siza Vieira marcou uma conferência de imprensa onde vai detalhar as novas medidas de apoio às empresas.

Na quarta-feira, após uma reunião da concertação social onde anunciou uma subida de 30 euros no salário mínimo, para 665 euros, Siza Vieira anunciou as linhas gerais das novas medidas. Uma delas visa devolver às empresas o aumento de encargos perante o Estado, nomeadamente com a TSU. As empresas terão de entregar a totalidade das contribuições sociais e esperar depois pelo apoio. O pagamento será único e dirigido às empresas que pagam o salário mínimo.

Governo propõe aumento de 30 euros no salário mínimo para 665 euros e prepara compensações para as empresas

O estudo da AHRESP foi feito junto de 1.078 empresas dos setores da restauração e bebidas e do alojamento turístico.