À boleia da polémica que envolve o SEF e da hipótese que circula nos corredores do Governo de extinguir aquela polícia, Francisco Mota, líder interino da JP, acusou Marcelo Rebelo de Sousa de “continuar a levar o Governo ao colo” e de fazer “da incompetência do PS uma motivação para perseguir e agora extinguir instituições do Estado”.

O comentário foi feito no Facebook, numa publicação entretanto apagada, poucas horas depois de o CDS ter declarado oficialmente o apoio à recandidatura do atual Presidente da República. Ao Observador, Mota lamenta o equívoco e diz que nunca quis “criar clivagens” entre JP, CDS e Marcelo Rebelo de Sousa.

Nessa publicação, além de acusar Marcelo de andar com o Governo ao “colo”, Francisco Mota sugeria que o Presidente da República tinha preferido “exonerar o SEF” — no sentido de o extinguir — do que “exonerar o ministro socialista” — algo que é da inteira competência do primeiro-ministro.

A publicação, apesar de apagada entretanto, causou mal-estar na ‘jota’ e no partido. Em declarações ao Observador, João Gonçalves Pereira, deputado, vereador e líder da distrital do CDS/Lisboa acusa Mota de “profundo desrespeito para com os órgãos nacionais do partido, com as suas decisões e com o próprio presidente do partido”.

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Se Francisco Mota e a JP não concordam com a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, o espaço para essa mesma discordância era o Conselho Nacional. Não 24h depois deste se pronunciar. Há limites para a ânsia de aparecer“, ataca.

Ao Observador, Francisco Mota explica que “não tinha qualquer intenção de causar celeuma alguma” e assegura que nunca quis “afrontar Marcelo Rebelo de Sousa e muito menos o partido”.

Por esse motivo, e pelo facto de a publicação ter tomado proporções que não antecipara, o líder da JP decidiu retirar a publicação. Sobre se mantém as críticas ao Presidente da República, Francisco Mota alega que está “impedido de se pronunciar”, uma vez que, formalmente, a JP ainda não tomou uma decisão sobre o apoio ou não a Marcelo.

Neste momento, está desenhado um perfil de candidato onde cabe Marcelo, mas qualquer decisão só será tomada depois de uma audiência com o atual Chefe de Estado — o pedido foi formalmente feito, mas a JP não recebeu qualquer resposta. De resto, só há uma certeza: “Não vamos passar cheques em branco a ninguém. Continuamos impávidos e serenos à espera da resposta de Marcelo Rebelo de Sousa”, remata.

No último conselho nacional do CDS, tal como contava o Observador, o partido acabou por aprovar por larga maioria o apoio à recandidatura de Marcelo, mas não sem que se fizessem ouvir várias críticas ao Presidente, que foi acusado de ser um candidato de “plasticina” e protagonista do “pântano” em que se transformou o país.

CDS aprova apoio a Marcelo, apesar das críticas ao Presidente de “plasticina” e do “pântano”