Poucos resistem à fórmula “bom, bonito e barato”. É esta a explicação para o sucesso do Dacia Sandero no mercado europeu – e também em Portugal –, onde é o mais vendido a particulares desde 2017, colocando a marca romena do Grupo Renault como a 6ª mais vendida no mercado nacional. Entre o seu rol de argumentos, figura à cabeça o preço, com a versão mais simples a ser proposta por 9000€, o que posiciona o Sandero como o modelo mais barato à venda em Portugal, sendo este um dos seus trunfos, mas não o único.

Mas a nova geração do popular modelo da Dacia, que já se pode encomendar desde 15 de Dezembro, com as primeiras unidades a começarem a ser entregues a partir do final de Janeiro, deu um significativo passo em frente. Além de crescer em termos de dimensões, oferecendo um pouco mais de espaço interior, melhorou e muito ao nível do design, exibindo formas mais modernas e atraentes, assumindo-se este como o seu segundo trunfo. Isto permite-lhe, pela primeira vez, cativar clientes pela estética e não apenas por motivos racionais, em que o value for money é determinante.

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Maior e melhor por fora

O novo Sandero, que agora tivemos oportunidade de conduzir, recorre a uma plataforma nova, a CMF-B, a mesma que também serve os novos Clio e Captur, que não só é mais rígida e segura, como permite beneficiar das mais recentes soluções criadas para os modelos mais pequenos da Renault. O novo chassi torna o Sandero maior (+ 1,9 cm), mais largo (+1,3 cm) mas mais baixo (-2,0 cm), enquanto a distância entre eixos aumenta 1,5 cm e a largura de vias cresce 3,7 cm à frente e 3,3 cm atrás. Sendo o facto de ser mais baixo e mais largo, em carroçaria e vias, que lhe reforça o aspecto dinâmico.

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Se o veredicto da fita métrica favorece a nova geração do utilitário da Dacia, é a estética mais sofisticada que o distingue, com o Sandero a poder bater-se, pela primeira vez, com os modelos mais apelativos do mercado. Para isto contribui também o facto de o modelo exibir faróis LED em todas as versões, bem como uma assinatura luminosa mais apelativa.

Apesar das maiores dimensões e da maior quantidade de equipamento a bordo, o novo Sandero vê o seu peso aumentar apenas 40 kg. O valor total começa agora nos 1089 kg, ainda assim uns degraus abaixo do Clio (1117 kg) com uma mecânica similar.

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Por dentro: a grande evolução

É quando se entra a bordo que o Sandero revela outro dos seus trunfos. Nas versões mais equipadas, além da sensação de maior espaço interior, disponibiliza um tablier e painéis de portas em plástico duro, mas marcado, agradável à vista e ao tacto, com aplicações em tecido a surgirem nos locais em que o condutores e passageiros mais tocam, na zona horizontal do tablier e apoios de braços nas portas. Quem se senta atrás, passa agora a ter mais 4,2 cm para acomodar as pernas, sem que estas toquem no banco da frente.

O painel de instrumentos é analógico, mas funcional, com o ecrã central a depender da versão considerada. A versão Access, a tal dos 9000€, convida o condutor a utilizar o seu smartphone como ecrã central, prevendo um suporte e um ponto de alimentação para o efeito, onde correm as aplicações necessárias, a começar pela navegação. Mas como 60% das vendas do Sandero incidem sobre a variante Stepway, só disponível nas versões mais equipadas Essential e Comfort, e a motorização líder na procura é o TCe 90 cv, só comercializado na versão Comfort, a mais sofisticada, isto significa que a maioria dos clientes vai apreciar o melhor dos três sistemas multimédia (Media Control, Media Display e Media Nav) que o Sandero tem para oferecer. O Media Nav inclui sistema de navegação, um sistema de som com seis altifalantes e conectividade sem fios para os sistemas Apple CarPlay e Android Auto. Um suporte para o telemóvel, junto ao ecrã central, torna mais fácil (e legal) a sua utilização.

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Motores a gasolina e a GPL, mas nada de diesel

O novo Sandero é proposto com três motorizações, sendo a mais acessível a SCe 65, que recorre ao três cilindros a gasolina atmosférico com 999 cc, que fornece 65 cv e 95 Nm de binário, estando associado a uma caixa manual com cinco velocidades. Mas o motor mais procurado é o TCe 90, essencialmente a mesma unidade mas ajudada por um turbocompressor, o que eleva a potência para 90 cv e a força para 160 Nm, para mais obtida a um regime muito mais favorável (1750 rpm).

Este motor estreia a nova caixa manual de seis velocidades, podendo em alternativa montar uma solução automática de variação contínua (CVT), o que implica um custo 1300€ superior.

Mas cerca de 50% dos clientes do Sandero prefere a terceira motorização do modelo, por ser a que menores custos de utilização proporciona. Referimo-nos ao TCe 100 ECO-G, a unidade bi-fuel por poder queimar gasolina e GPL. Com um depósito de 50 litros para gasolina e 40 litros para GPL, este Sandero oferece uma autonomia de 1300 km, emissões de CO2 11% inferiores (quando a circular a GPL) e um custo de utilização similar ao de um motor a gasóleo, que a marca não disponibiliza. Veja aqui a ficha técnica de todas as versões.

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Ao volante do SUV da família

Para este primeiro contacto com o novo Sandero, calhou-nos a versão Stepway, o crossover da gama. Com um certo ar de SUV, devido às protecções dos guarda-lamas em plástico preto e às protecções inferiores da carroçaria em imitação de alumínio, tanto à frente como atrás, sensação que é reforçada por uma maior altura ao solo (mais 4,1 cm), é fácil perceber por que é esta a versão mais vendida do Sandero, apesar de ser 1500€ mais cara. Mas a realidade é que não há nada que se aproxime por este valor, com o Stepway a arrancar nos 13.250€ (veja aqui o preço de todas as versões).

As alterações realizadas ao nível da suspensão à frente resultaram num maior isolamento do ruído de rolamento que chega ao habitáculo, não sendo detectáveis barulhos parasitas. Equipado com o TCe 100 ECO-G, o “nosso” Stepway respondia bem ao acelerador, como seria de esperar por usufruir de mais 10 cv do que a versão deste motor exclusivamente a gasolina, tendo a nossa média rondado os 6,8 litros, o que torna esta proposta muito interessante para a carteira, face ao menor preço do GPL.

A direcção, agora assistida electricamente, é mais leve mas sem limitar excessivamente o feedback das rodas, com a caixa de seis velocidades a representar um ganho importante para os consumos e para o ruído do motor que chega ao habitáculo, quando circulamos em auto-estrada a velocidade constante. Não tivemos oportunidade de experimentar as novas barras de tejadilho, que o fabricante reivindica serem modulares e capazes de suportar 80 kg.

Além do ar condicionado automático com indicação digital, câmara de marcha-atrás, travão de mão eléctrico, cartão mãos livres e ajuda ao estacionamento dianteiro e traseiro, novidades no modelo, o Sandero pode ainda estar equipado com sistemas de ajuda à condução como a travagem de emergência activa, a funcionar entre os 7 e os 170 km/h, avisando o condutor do perigo que se aproxima e travando por ele se estiver distraído, sensor de ângulo morto e sistema de ajuda ao arranque em subida, sendo o nível de equipamento reforçado, com soluções nunca até aqui vistas na marca, outro dos grandes trunfos do Sandero.

Quanto ao problema que a introdução no mercado nacional de um modelo com estas características e preço pode colocar, este prende-se sobretudo com a concorrência que irá colocar ao Renault Clio. Ao que os responsáveis da marca francesa contrapõem: “é um problema para o Clio e para todos os outros rivais deste segmento”.