A viagem de um grupo de amigos espanhóis desde uma pequena vila do país vizinho até à Istambul, na Turquia, para fazer implantes capilares, resultou na infeção de praticamente todos os viajantes e pode estar na origem de um surto.
De acordo com o El Mundo, trata-se de um grupo de 19 pessoas de Calamonte, uma vila com pouco mais de 6 mil habitantes perto de Mérida, que decidiu viajar para Istambul com o propósito de fazer implantes capilares feitos a preços competitivos naquela cidade turca.
O grupo (composto por 18 homens e uma mulher, e que vai dos 30 aos 50 anos, segundo aquele jornal) seguiu numa excursão organizada por um barbeiro da vila, que alugou um autocarro para que todos fizessem a viagem de cinco horas até ao aeroporto de Barajas, em Madrid. Dali, voaram diretamente para Istambul. Chegaram à Turquia no dia 6 de dezembro e voltaram para Espanha já no dia 9.
Já regressados a casa, oito dias depois de terem voltado, 16 daqueles 19 excursionistas acusaram positivo num teste à Covid-19, detalha o El País. E, mais à frente, o governo regional da Extremadura anunciou esta sexta-feira que em Calamonte há um surto com 29 casos ativos e 250 contactos. O surto levou ao encerramento de uma escola e de uma creche, tal como bares e restaurantes.
Apesar daqueles números, a autarca de Calamonte, Magdalena Carmona, disse à agência Europa Press que a excursão de Istambul não está na origem do surto. “A mim não me parece que o surto seja da viagem”, disse, explicando que “entre os 28 positivos que nos deram ontem há pessoas que são totalmente alheias e que não tiveram nenhum contacto com estas 19 pessoas”. Por exemplo, a equipa de futebol do escalão de juvenis daquela vila está também em quarentena, depois de um atleta ter sido infetado numa residência de estudantes.
“Há pessoas positivas no município que não têm nada a ver [com a excursão], não tiveram nem contacto no trabalho, nem familiar, nem nada, por isso não têm nada a ver uns com os outros”, sublinhou a autarca, que assumiu uma posição de defesa perante aquele grupo de 19 excursionistas, lamentando que têm sido alvo de piadas.
Um deles falou ao El País, queixando-se de o grupo que foi a Istambul estar a ser acusado sem fundamento. “Há surtos por causa de festas ilegais e disso ninguém fala”, disse Marcos V., que pediu àquele jornal para que não publicasse o seu apelido. “Assumem logo que fomos nós, mas a origem até pode ter sido o condutor do autocarro”, disse Manuel Parada, o cabeleireiro que organizou a excursão.