O défice do Estado subiu para 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) ao cabo de três trimestres de 2020 que ficaram marcados pelo impacto da crise pandémica, confirma o Instituto Nacional de Estatística (INE) em dados revelados esta quarta-feira e que acrescentam que a taxa de poupança, entre as famílias, subiu para 10,8%.
Este é um relatório do INE que destaca, contudo, que nos 12 meses terminados no final do terceiro trimestre a chamada capacidade de financiamento da economia se reduziu, passando de
0,9% do PIB no trimestre anterior para um valor aproximadamente nulo. “No mesmo período a capacidade de financiamento das Famílias aumentou 0,3 pontos percentuais, para 4,3% do PIB e a taxa de poupança atingiu 10,8% (10,5% no trimestre anterior)” do rendimento disponível, indica o INE.
“Estes resultados refletem os efeitos da reabertura progressiva da atividade económica que se seguiu à aplicação de medidas de contenção à propagação da Covid-19, com forte impacto económico nos primeiros dois meses do segundo trimestre”, diz o gabinete de estatísticas.
No lado da despesa, assinala o INE, “registou-se um crescimento de 3,9% da despesa corrente, resultante de acréscimos nas prestações sociais (2,9%), nas despesas com pessoal (4,1%) e nos subsídios pagos (288,1%), traduzindo o impacto de medidas excecionais de apoio à atividade económica no contexto da pandemia COVID-19. Em sentido contrário, salientam-se os decréscimos nos encargos com juros (8,6%), no consumo intermédio (0,3%) e na outra despesa corrente (8,6%)”.
O Instituto Nacional de Estatística confirma que o “aumento da despesa de capital reflete o registo, com base na informação disponível, do apoio financeiro concedido pelo Estado à TAP, S.A. no valor de 1.200 milhões de euros como transferência de capital”.
Já do lado da receita, “o comportamento da receita corrente deveu-se a diminuições na maior parte das suas rubricas, nomeadamente nos impostos sobre o rendimento e património (18,4%), nos impostos sobre a produção e importação (8,3%), nas vendas (7,3%) e na outra receita corrente (22,1%), explicadas pelo impacto negativo da pandemia do Covid-19 sobre a economia, tendo as contribuições sociais aumentado 0,6%”. Já a receita de capital registou um aumento de 34,3%, “refletindo o aumento de transferências da União Europeia”.