O cardeal-patriarca de Lisboa saudou esta quinta-feira os que estão na primeira linha de combate à pandemia, no sistema de saúde e nas famílias, lembrando na sua mensagem de Natal a necessidade de celebrar a data com restrições especiais.

“Este Natal é especial, com a pandemia que ainda temos por diante e que a tantos atinge de forma direta e indireta”, disse Manuel Clemente, reforçando que vai obrigar a restrições especiais na maneira de o celebrar e de o festejar.

Manuel Clemente destacou, contudo, que a forma especial de celebração do Natal, com mais restrições, permite chamar a atenção para o que é essencial nesta data, para que seja verdadeiramente uma comemoração do que aconteceu há dois mil anos.

As circunstâncias deste ano, adiantou o cardeal-patriarca na sua mensagem, podem-nos levar a concentrar a atenção naquilo que originou toda esta comemoração natalícia e que cada presépio nos lembra, ou seja, o nascimento de alguém.

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“Natal significa nascimento e, efetivamente, assim aconteceu quando nasceu Jesus. Nasceu menino, como todos nós nascemos, acompanhado por sua mãe, Nossa Senhora, pelo seu pai adotivo, São José, por aqueles pastores que acorreram e, mais tarde, por aqueles magos do Oriente”, explicou.

Manuel Clemente defendeu a importância de retomar a originalidade do Natal para que não se perca entre tantas outras comemorações que, na roda do ano, vão surgindo com esta ou aquela motivação e que poderiam, de alguma maneira, diluir o significado do Natal.

“Eu creio que este significado autêntico do que aconteceu em Belém e que nós celebramos a cada 25 de dezembro também responde à atual situação que a pandemia nos trouxe, com tantas consequências, não só no campo da saúde, com a sobrecarga do nosso sistema para responder a um desafio tão grande, mas em todo o lado: no emprego, na escola, no desporto, na cultura… São circunstâncias tão especiais que agora nos tocam”, frisou.

O que aconteceu verdadeiramente no Natal dá uma luz, uma perspetiva, uma pista, para respondermos a esta situação.

“Porque, para nós, crentes — e também para muitos outros, através de uma convicção que ultrapassa as fronteiras confessionais –, o que ali aconteceu, sendo, aparentemente, tão pouco (é um menino que nasce, num sítio tão pobre, como era uma gruta, como era um presépio) mas que ganhou toda esta repercussão, mostra-nos o modo divino de ser e acontecer neste mundo”, disse.

Para crentes e não crentes, adiantou, esta realidade diz-nos que para respondermos a grandes desafios, temos que começar pelas pequenas coisas.

“É do pouco que se vai ao muito, é do perto que se vai ao longe, é do pequeno que se vai ao grande”, referiu Manuel Clemente. adiantando que “o que ali aconteceu, naquela gruta, naquele presépio, tão pequeno que era, teve tal força que se impôs, como se impõe agora, com uma mensagem que nós não sentimos antiga, sentimo-la de agora”.