O ano não acabou bem para Nuno Espírito Santo. Para além da derrota contra o Manchester United, sofrida com um golo já nos descontos depois de uma exibição quase perfeita do Wolverhampton a nível defensivo, o treinador português foi acusado de conduta imprópria pela Federação inglesa devido aos comentários que dirigiu ao árbitro Lee Mason.
O caso remonta ao dia 21 de dezembro e ao jogo entre o Wolves e o Burnley que a equipa mais portuguesa de Inglaterra acabou por perder. Na altura, Espírito Santo disse na conferência de imprensa depois da partida que o árbitro em questão não tem “qualidade” para arbitrar na Premier League. “Não tem a ver com os erros cruciais ou as decisões, é sobre a forma como ele lida com o jogo. Os jogadores ficam nervosos, aparecem muitas vozes, ele apita tendo em conta as vozes que ouve quando os jogadores começam a gritar. Estamos a falar sobre a melhor competição e ele claramente não tem qualidade para arbitrar. Fico muito desiludido por ter de dizer isto mas não ficaria bem se não o dissesse. Não quero vê-lo mais, simplesmente — e foi isso que lhe disse. Espero que ele não volte a arbitrar um jogo nosso porque todos os jogos que temos com o Lee Mason são sempre iguais. Ele não consegue controlar os jogadores, os jogadores estão constantemente a discutir, os das duas equipas. Com todos os outros árbitros, o jogo prossegue, há diálogo. Ele não está preparado para isto”, disse, na altura, o treinador português.
2020, a difficult year for so many.
We head into 2021 ????????????????????????????????. #OnePack pic.twitter.com/ACK8jQ7TBF
— Wolves (@Wolves) December 31, 2020
Apenas dois dias depois, Nuno Espírito Santo confirmou que iria discutir o assunto com a Federação inglesa nessa semana e que só iria pedir desculpa pelo timing dos comentários. “Não falei no momento oportuno, poderia ter existido uma má interpretação. Vou pedir desculpa pelo timing mas não vou pedir desculpa pelas minhas palavras e por aquilo que penso”, garantiu. No último dia do ano, a Federação confirmou então que acusou o técnico de conduta imprópria pelos comentários depois do jogo com o Burnley, por terem sido “pessoalmente ofensivos” para Lee Mason, e que Espírito Santo tem agora até dia 5 de janeiro para responder à acusação.
Era neste contexto, e também depois de três jornadas consecutivas sem conseguir ganhar, que o Wolves visitava este sábado o Brighton, naquele que era o primeiro jogo do clube em 2021. A derrota do Leeds contra o Tottenham significava que, em caso de vitória, o Wolves poderia ultrapassar a equipa de Marcelo Bielsa e subir ao 11.º lugar — uma posição que está bem abaixo das expectativas do conjunto de Nuno Espírito Santo mas que não deixa de estar a oito pontos dos líderes Liverpool e Manchester United e a quatro do terceiro lugar.
Preparations complete. We'll be underway at the Amex shortly.#COYW pic.twitter.com/qzDvfiWSE4
— Wolves (@Wolves) January 2, 2021
Ainda sem Raúl Jiménez, que continua a recuperar do traumatismo craniano sofrido contra o Arsenal e que ainda não tem data de regresso agendada, Fábio Silva era titular no Wolverhampton — em conjunto com Pedro Neto, Vitinha, Rúben Neves, João Moutinho, Nélson Semedo e Rui Patrício. O jogo começou mal para a equipa de Nuno Espírito Santo, que ficou em desvantagem ainda antes do primeiro quarto de hora: Trossard apareceu no corredor direito com um bom lance individual e cruzou para a grande área, onde Connolly se antecipou ao primeiro poste para bater Rui Patrício (13′). O guarda-redes português não ficou bem na fotografia, devido à saída pouco ponderada que deixou a baliza deserta, mas a verdade é que toda a defesa do Wolves foi muito passiva face ao avanço do ataque do Brighton.
O empate, porém, apareceu menos de dez minutos depois. Canto batido na direita, Nélson Semedo falhou o remate de primeira ao segundo poste mas conseguiu ganhar o ressalto e cruzar largo para o lado contrário da grande área; Saiss recuou e cabeceou com toda a intenção, acabando por conseguir marcar (19′). Rui Patrício foi obrigado a uma boa defesa depois de um pontapé de bicicleta de Connolly (25′), Rúben Neves atirou por cima da baliza (28′) mas a reta final da primeira parte acabou por sorrir largamente ao Wolves. Pedro Neto desequilibrou na direita e rematou cruzado, o guarda-redes Sánchez defendeu para a frente e contra Dan Burn, que acabou por ser o último a tocar e fez autogolo (34′).
Ainda antes do intervalo, o mesmo Burn fez falta sobre Adama Traoré dentro da grande área do Brighton e Rúben Neves, na conversão, aumentou a vantagem (44′). O Brighton fez duas substituições no início da segunda parte e a verdade é que a história do jogo acabaria por mudar: logo nos primeiros instantes, João Moutinho fez penálti sobre Maupay e o mesmo Maupay, na conversão da grande penalidade, reduziu a desvantagem (46′).
A partir desse momento, a equipa de Graham Potter procurou sempre a igualdade, acertou na barra com uma cabeçada de Webster (68′) e chegou ao tão desejado golo a 20 minutos do final. Trossard cruzou, tal como tinha feito no lance que inaugurou o marcador, Lewis Dunk cabeceou e a bola desviou em Saiss, enganando Rui Patrício (70′). Owen Otasowie ainda entrou no Wolverhampton mas o resultado já não voltou a mudar e a equipa mais portuguesa de Inglaterra acabou mesmo por desperdiçar uma vantagem que ao intervalo era de dois golos.
Plenty of goals and a point each ????#BHAWOL pic.twitter.com/7XFVpQxCVY
— Premier League (@premierleague) January 2, 2021
Com este empate, o Wolverhampton somou a quarta jornada consecutiva sem conseguir ganhar, falhou o assalto ao 11.º lugar e continua sem conseguir escapar da segunda metade da tabela da Premier League. 2020 não acabou bem para Nuno Espírito Santo — mas, ao que parece, 2021 também não começou bem para o treinador português.