Depois da reunião com especialistas na sede do Infarmed, a candidata Ana Gomes “refletiu” sobre o que ouviu e, num vídeo publicado no Twitter, defendeu a necessidade de se tirar “consequências políticas”. Que devem começar, desde logo, pelo adiamento das eleições. Não é o que “deseja”, mas garante que, se o Presidente e a Assembleia da República assim o entenderem, não se “oporá” a essa decisão.
“O Presidente da República deve tirar consequências do que ouviu dos especialistas. Cabe ao PR e à AR tirar consequências políticas desta situação. Imagino que devam ponderar a possibilidade de adiamento do ato eleitora. Não desejo mas não me oporei. Preocupa-me valorizar o ato eleitoral garantindo que todos que querem ir votar possam ir votar”, diz no tweet que foi inicialmente apagado da sua página, mas voltou a ser publicado minutos depois.
#EleiçoesPresidenciais – Presidente da República e Assembleia da República devem ponderar. pic.twitter.com/7tlPcWgSzl
— Ana Gomes (@AnaMartinsGomes) January 12, 2021
No mesmo vídeo, a candidata que tem esta terça-feira não teve ainda ações de campanha, diz que saiu “preocupada” da reunião com os especialistas, uma vez que tudo aponta para uma provável “triplicação do número de novos casos até ao fim de janeiro”. “Isto tem consequências”, diz, referindo-se não só a um novo confinamento geral como também a consequências políticas. “A campanha eleitoral está a ser afetada e próprio dia da votação vai ser afetado. O Presidente da República deve tirar consequências do que ouviu dos especialistas”, reiterou.
“Estas restrições são absurdas”, diz Ventura
Num vídeo publicado no Facebook, André Ventura foi taxativo: “Compreendemos perfeitamente a gravidade da situação. Mas isto tem de ter feito salvaguardando que não se perde aquilo que não se pode perder. O encerramento absoluto do comércio, serviços, restauração é um erro. Não há nenhum estudo que demonstre que é nestes espaços que o contágio está a crescer”.
Nesse sentido, o candidato e líder do Chega aproveitou para criticar António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa por não terem acautelado a decisão. “O Governo não conseguiu em tempo, e o PR não soube influenciar, tomar medidas quando podíamos. Vamos entrar em fim de linha num dos maiores colapsos económicos e sociais de que há memória no nosso país”, responsabilizou Ventura.
Ventura atacou as “restrições absurdas” que o Governo se prepara para aprovar e defendeu que “em nada vão resolver o problema”.
Marisa testa negativo e está de regresso à estrada
Marisa Matias testou negativo à Covid-19. A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda tinha feito um teste na segunda-feira à tarde, devido à deslocação que estava prevista para as ilhas na quarta-feira e, por ter estado com Marcelo Rebelo de Sousa num debate presidencial, resolveu contactar as autoridades de saúde e teve “indicações para continuar a vida normal”.
Assim, e após suspensão das iniciativas de campanha desta terça-feira, a candidata do Bloco de Esquerda vai regressar à estrada e estará já amanhã na Madeira e nos Açores.
A eurodeputada assistiu à reunião do Infarmed, a convite do primeiro-ministro a todos os candidatos, e vê com “preocupação” o crescimento dos números da pandemia de Covid-19. “O objetivo fundamental é o de proteger o SNS e isso deve significar mobilizar todos os meios que estão à nossa disposição, mas também garantir os rendimentos das famílias e que há meios de apoio às empresas”, afirmou num vídeo gravado depois da reunião.
Com a certeza de mais um confinamento à porta, Marisa alerta que confinar não chega e que é preciso “condições para responder” a essa decisão.
O dia em que Marisa teve a oportunidade de ‘atirar’ um adversário ao Tejo
“Poderemos enfrentar um colapso”
Uma reunião que “não foi de todo esclarecedora” e um país que ficou “entre a espada e a parede”. É assim que Tiago Mayan Gonçalves vê a evolução da pandemia em Portugal, a aproximação de um novo confinamento geral da população e a reunião com especialistas de saúde que decorreu esta terça-feira, no Infarmed.
O candidato à Presidência da República, apoiada pela Iniciativa Liberal, falou esta terça-feira aos jornalistas junto ao Jardim da Praça do Império, próximo do Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, depois da reunião em que participou — como os restantes candidatos presidenciais — por videoconferência. E defendeu que se chegou a uma fase de “descontrolo total” e que o país pode enfrentar “um colapso”.
Chegámos a um ponto de descontrolo total desta pandemia. Há aqui uma responsabilidade a assacar ao Governo nessa matéria, mas hoje não é dia para assacarmos responsabilidades, é dia para percebermos o que poderá ser feito. A verdade é que chegámos a um ponto na saúde em que poderemos enfrentar um colapso”, vincou.
Voltando a reiterar que o país ficou “entre a espada e a parede” pela incapacidade de controlar a evolução da pandemia, o que já havia dito na véspera, Tiago Mayan Gonçalves notou que “termos chegado a este ponto é preocupante” e que o que desejava ter ouvido era “quais as medidas de confinamento concretas que o Governo se propõe a fazer”. Isso, porém, “não foi ainda esclarecido”.
Da reunião, o candidato presidencial da IL ficou com a perceção de que “possivelmente as escolas se manterão abertas”. Porém, “não está esclarecido que atividades se poderão manter abertas e que atividades irão ser confinadas. E não está de todo esclarecido a resposta que o Governo dará em relação a cumprir o contrato social que tem com restaurantes, cabeleireiros, ginásios, lojas… com todo o conjunto de pequenos e médios comerciantes e com os cidadãos relativamente aos quais o Governo ordenar o confinamento ou a restrição de atividades”.
Aguardo essas respostas, espero que sejam obtidas o mais rapidamente possível mas é absolutamente necessário que o Governo de uma vez por todas assuma a responsabilidade das suas decisões e defina em termos concretos qual vai ser a forma de compensação direta, imediata e sem burocracia destas atividades e pessoas que ficarem confinadas”, rematou.
“O Estado de Emergência não pode ser entendido como a medida” diz João Ferreira apelando a “mais medidas de reforço”
Em linha com aquilo que têm sido as reivindicações dos comunistas, o candidato apoiado pelo PCP saiu da reunião com especialistas no Infarmed a dizer que irá “continuar a adaptar a campanha à situação existente, adotando todas as medidas de proteção sanitária”, mas sem “abdicar do esclarecimento e da mobilização dos portugueses para o voto”.
Considera o candidato presidencial que “as sucessivas declarações do estado de emergência limitaram direitos, alimentaram alarmismo e não impediram” que o país chegasse à situação atual. “Sublinhamos: são necessárias medidas de emergência, mas o estado de emergência não pode ser entendido como a medida”, afirma João Ferreira num comunicado difundido ao final desta tarde.
Diz João Ferreira que a atual situação do aumento do número de casos e de pressão nas unidades do Serviço Nacional de Saúde “reclama medidas de emergência adicionais, que devem incidir na proteção das pessoas” o que significa, por exemplo na área da saúde “contratar mais profissionais, aumentar o número de camas em cuidados intensivos e a formação de novas equipas para essas vagas e reforçar as equipas de saúde pública”. No que diz respeito às “medidas de apoio e proteção social” o candidato presidencial quer mais apoios a quem vai “perder a totalidade ou parte dos rendimentos” e a proteção dos trabalhadores que não poderão deixar de trabalhar.
João Ferreira que cancelou uma das iniciativas que tinha agendada para esta terça-feira (tendo a outra decorrido sem a sua participação) reagendou a sessão com a socialista Isabel Moreira e retoma já na quarta-feira o plano que estava delineado para a campanha eleitoral. Estando sujeita a ajustes, a caravana de João Ferreira deverá mesmo continuar pelo país fora até dia 22 de janeiro.