Cinfães, 14h. Os carros da (mini-)comitiva preparavam-se para arrancar, depois de uma visita ao quartel de bombeiros da vila, quando se avistam movimentações à volta da candidata. Afinal, uma das televisões tinha pedido uma reação às acusações da véspera feitas por André Ventura e Ana Gomes acedeu responder. Desde o início que a direção de campanha tinha dito que a estratégia seria deixar Ventura a falar sozinho, não só por essa ser a única resposta possível a forças “anti-democráticas”, mas também porque se o objetivo é empurrar Marcelo para baixo, então há que apontar para cima. Mas Ana Gomes queria ir “a jogo”. E foi. Mesmo que para isso tenha percorrido mais de 300 km.

“Eu estou em jogo pela valorização da democracia, e tudo o que tem sido feito no sentido de desvalorizar eleições faz o jogo da ultra-direita”, disse quando questionada sobre se a melhor resposta ao candidato apoiado pelo Chega não deveria ser o silêncio, ou seja, “não ir a jogo”. André Ventura, na noite passada, tinha usado insultos jocosos para caracterizar os seus adversários, apelidando, por exemplo, Jerónimo de Sousa de “avô bêbado” e Ana Gomes de “contrabandista”. Insultos que, na opinião da ex-eurodeputada socialista, são a “demonstração de que a ultra-direita não é só mais uma corrente de opinião como diz Marcelo Rebelo de Sousa, é um perigo para a democracia”.

Era Ana Gomes a procurar dar uma lição a Marcelo Rebelo de Sousa, indo a “jogo” para virar “o jogo” contra ele. E a lição era esta: “Usar insultos para estigmatizar pessoas ou comunidades não pode ser tolerado na nossa sociedade” e “é preciso fazer mais do que apenas combater as ideias”, como disse Marcelo Rebelo de Sousa no debate frente a André Ventura, numa crítica implícita a quem, como Ana Gomes, defende que o Chega não devia ser um partido legalizado no TC. É preciso combater também “as forças ocultas que estão por detrás da ultra-direita”, disse, insistindo que “a democracia não pode ser tolerante com intolerantes” e quem é democrata não pode achar que a ultra-direita é “só mais uma corrente de opinião”.

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