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A noite em que Maria Viera fez de Marylin Monroe, Ventura brincou no teclado e saiu ao som de ABBA

Este artigo tem mais de 3 anos

O candidato do Chega aproveitou um jantar-comício em Viseu para dar uns toques no piano e repetir a promessa de que vai esmagar a esquerda e provocar uma segunda volta. Mas a noite foi da "Parrachita"

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Em dia de aniversário, não é exagero dizer que André Ventura teve uma festa à altura. Apesar de ter sido o primeiro dia do novo confinamento geral, o líder do Chega juntou cerca de 60 pessoas num hotel em Viseu — fonte da campanha garantiu aos jornalistas que não contaram com a oposição das autoridades de Saúde — e foi um ver se te avias de surpresas.

Primeiro, Rita Matias, filha de Manuel Matias, ex-líder do PPV e responsável pelas redes sociais do partido, a ensaiar uma versão afinada do “Parabéns a Vocês”. A terminar, uma saída de cena ao som de “Dancing Queen”, dos ABBA. Pelo meio, o momento da noite: Maria Vieira, a “Parrachita” como gosta de ser conhecida, a cantar os parabéns, recriando o episódio entre Marylin Monroe e John F. Kennedy.

“Eu sei que alguns ainda estão em estado de choque, mas isto vai passar”, não se continha André Ventura, de lágrimas nos olhos de tanto rir. Pela cara de espanto dos presentes, um misto de diversão e alguma estupefação, o choque era partilhado. Serão animado, portanto.

“Nunca esperei que uma Marylin Monroe cantasse para mim”, continuava Ventura. “Uma mini-Marylin Monroe”, gritava-lhe Maria Vieira, a duas mesas de distância do púlpito. “Mini-Marylin Monroe!”, concedia. “No máximo esperava uma Ágata ou… como se chama aquela que canta ‘continuas chamando-me assim…?”. “Romana, Romana!”, devolviam-lhe os mais próximos. “Isso, Romana!”, acertava o líder do Chega.

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Pode ouvir aqui a reportagem da Rádio Observador: 

Maria Vieira canta os parabéns a André Ventura

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

E se havia música, também havia bola. Em dia de clássico Porto-Benfica, Ventura vestiu uma gravata verde — “é para ser neutro”, confidenciou ao Observador — e nem esperou que acabasse o jogo para convocar os jornalistas para o comício pós-jantar. O cronómetro ainda marcava os 74 minutos, Porto e Benfica continuavam empatados a um golo, mas já Ventura estava a aquecer para mais um jogo em casa contra os adversários políticos. Alguns dos seus apoiantes é que continuavam a olhar para os pequenos ecrãs dos telemóveis — não havia televisor na sala — para acompanhar o jogo, enquanto pediam aos repórteres de imagem para não serem fotografados, não fosse o caso de alguém pensar que gostavam mais da bola do que do líder. Nada disso.

Se o jogo Benfica-Porto acabou empatado a um, no jogo Ventura-Resto do Mundo não faltaram golos. Todos na mesma baliza. Ainda Gabriel, o Pensador, gritava nos altifalantes “Porrada da esquerda / Porrada da direita”, e já Ventura se atirava às canelas de Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Gomes e, sobretudo, de Marisa Matias.

Usando os artigos de opinião de Rui Tavares e de Daniel Oliveira como extremos no apoio, Ventura sugeriu que Marisa Matias está prestes a desistir para encorpar uma candidatura de esquerda liderada por Ana Gomes contra o candidato do Chega. No drible, tentou meter João Ferreira no bolso e deixou uma garantia: “Vou lutar até ao último segundo da campanha eleitoral e derrotaremos a esquerda toda nestas eleições presidenciais.”

José Sócrates e o cofre da mãe. Costa e o Governo “mais corrupto”

André Ventura está galvanizado e isso nota-se no discurso do líder e na confiança dos apoiantes. O líder do Chega, aliás, não resistiu aproveitar o artigo de opinião de José Sócrates para ensaiar uma rábula que consistia num suposto diálogo entre o ex-primeiro-ministro e Carlos Santos Silva.

“Estou a imaginá-lo com o tal cofre, em casa da mãe. ‘Oh Carlos, ainda acabo na prisão se isto corre mal. Os gajos estão segundo, nem a Venezuela nos vai safar. Mas não te preocupes, a minha mãe deixou-me uma fortuna incontornável”, divertia-se Ventura.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Na audiência, os apoiantes de Ventura vibravam. E o líder do Chega aproveitava uma enumeração de casos — as golas insufláveis, Tancos, Pedrógão Grande, a nomeação do procurador europeu — para acusar o Governo de António Costa de “ser o mais corrupto da história de Portugal”. “E não cai!? Como é que não cai!?”, gritava.

As bancadas iam ao rubro. Mesmo a terminar, Ventura não esqueceu Marcelo Rebelo de Sousa, o outro “candidato socialista” desta campanha, e voltou a repetir a promessa: “Vamos seguir até à segunda volta.”

André Ventura: “Gostava que usassem batom vermelho contra a corrupção”

Antes deste jantar-comício, tinha chegado a primeira reação de André Ventura ao movimento de apoio a Marisa Matias que surgiu depois de o líder e candidato do Chega ter sugerido, no comício de há dois dias, que a candidata do Bloco de Esquerda parecia “uma coisa de brincar” e de ter feito alusões ao batom vermelho usado pela bloquista no frente a frente com ele. À margem de uma visita a uma esquadra da PSP, em Viseu, André Ventura, sem nunca ter sido questionado, aproveitou uma última declaração aos jornalistas para criticar os adversários. “Gostava era que usassem batom vermelho contra a corrupção”, atirou o líder do Chega.

“Eu vi hoje uma campanha em Portugal sobre os lábios e sobre o batom vermelho. Queria deixar isto muito claro: a campanha que eu gostava de ver de batom vermelho era contra a corrupção, as esquadras de polícia abandonadas e o clientelismo em Portugal. Esse era o batom vermelho que gostava de ver”, disse.

Foi, aliás, um tarde de críticas de André Ventura, que aproveitou o primeiro dia de estrada de Marcelo de Rebelo de Sousa para tentar aumentar a pressão sobre Marcelo Rebelo de Sousa. “Há um Presidente que prefere não fazer campanha. Marcelo Rebelo de Sousa pensa que isto está ganho. Se continuar assim, vai ter uma surpresa no dia 24 de janeiro”, sugeriu o líder do Chega.

Depois da visita, que não foi acompanhada pela comunicação social pelas restrições impostas pela pandemia, Ventura que não esqueceu, aliás, Ana Gomes. Dias antes, a socialista também tinha feito uma visita a uma esquadra de polícia, iniciativa que já lhe tinha valido um mimo do líder do Chega, quando acusou a adversária de incoerência por se apresentar ao lado de uma mulher de etnia cigana à frente da polícia. Desta vez, o líder do Chega acusou Ana Gomes de “ziguezaguear” e mudar de posição para ora defender a polícia, ora estar do lado dos “bandidos”.

Já depois de ter dito que, com ele a Presidente da República, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sairá na própria hora. “Sabe que os seus dias estão contados”, antecipou Ventura. Numa ação de campanha pensada para defender o papel dos polícias contra aqueles que todos os dias os “humilham” e os atacam sistematicamente, Ventura defendeu que, se nada for feito, Portugal pode correr o risco de se tornar um país pior. “Portugal tem tido episódios de insegurança e estamos num caminho errado para nos tornarmos um país inseguro”, defendeu.

Ventura aproveitou ainda para comentar a notícia avançada pelo Diário de Notícias que dá conta de que o Governo está mesmo a ponderar extinguir o SEF. Segundo o líder do Chega, a confirmar-se, é uma decisão “apressada”, que lança uma “mancha de desprezo pela função do SEF”.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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