O alarme causado pela variante identificada pela primeira vez no Reino Unido fez com que vários países do mundo começassem à procura desta nova variante, que será mais contagiosa. Em dezembro, o estado norte-americano da Califórnia fez o mesmo, mas o que descobriu foi uma nova variante originada dentro de portas em julho. O estado alemão da Baviera também descobriu uma nova variante num surto numa clínica. Ainda não se sabe o impacto que estas variantes podem ter na disseminação do vírus.

Portugal também decidiu procurar a variante inglesa nas amostras recolhidas desde dezembro de 2020 e verificou que a frequência da variante B.1.1.7 aumentou de 5,8% (na semana que começou a 30 de novembro) até 13,3% (na semana que terminou a 17 de janeiro) — e poderá chegar a 60% das infeções no início de fevereiro.

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A variante da Califórnia, CAL.20C, terá surgido em julho, mas manteve-se com uma baixa frequência até novembro. Depois disso, no entanto, a frequência aumentou e os especialistas suspeitam que possa ser a causa do aumento de casos que levou à sobrecarga dos hospitais no sul do estado, noticiou o jornal New York Times. No dia 13 de janeiro, segundo um estudo ainda não publicado, a CAL.20C representava mais de metade dos genomas do vírus recolhidos nos laboratórios de Los Angeles.

Não há, no entanto, evidência de que esta variante californiana seja mais letal e os investigadores ainda estão a tentar determinar se é, de facto, mais contagiosa. Por enquanto, não é possível afirmar se a variante confere alguma vantagem ao vírus ou se aumentou a frequência por acaso. A CAL.20C já foi, entretanto, detetada nos estados do Arizona, Connecticut, Maryland, Novo México, Nevada, Nova Iorque, Texas, Utah, Washington e Wyoming e também em Washington D.C..

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No caso da variante alemã, da Baviera, também ainda não existem dados sobre o impacto que pode ter na disseminação do vírus. Essa análise está agora a ser feita pelo Hospital Charité, em Berlim, e os resultados deverão ser conhecidos esta sexta-feira.

Os 35 casos da nova variante, ainda desconhecida, foram descobertos num surto de uma clínica onde 73 doentes e profissionais foram infetados.

O vice-diretor médico da clínica de Garmisch-Partenkirchen, Clemens Stockklausner, disse numa conferência de imprensa, na segunda-feira, que ainda não sabem se a mutação detetada tem relevância clínica, mas assegurou que não se tratava nem da variante do Reino Unido, nem da variante da África do Sul.

71% mais transmissível, com mais facilidade de entrar nas células. O que torna a mutação do Reino Unido perigosa?

Desde o início da pandemia, já foram detetadas centenas de mutações no vírus SARS-CoV-2, muitas delas sem qualquer impacto no vírus ou até com um impacto prejudicial, acabando por desaparecer por não ter sucesso a transmitir-se.

Ocasionalmente, no entanto, surgem mutações, que isoladas ou combinadas (como no caso da variante inglesa), podem provocar alterações significativas no vírus que o levam a ter um comportamento diferente — nomeadamente, quando acontecem na proteína spike, que dá o aspeto coroado ao vírus e funciona como uma chave para entrar nas células humanas.

Mutação do novo coronavírus faz com que se transmita com mais facilidade

Foi o que aconteceu com a variante G614: uma única mutação num gene que tem a instrução para a produção da proteína spike fez com que o vírus tivesse mais facilidade em replicar-se, sobretudo nas vias aéreas superiores, facilitando a transmissão.