A equipa médica militar alemã, que viajou para Portugal com profissionais e material clínico a pedido do Governo, chegou a Lisboa ao início da tarde. À espera deles estava o ministro da Defesa e a ministra da Saúde que, minutos antes de o avião militar aterrar, agradeciam publicamente o apoio alemão “neste momento ainda muito difícil”.

Foi a “pressão epidemiológica sobre a região de Lisboa e Vale do Tejo” que levou o Governo a planear a melhor forma de fazer face à atual situação, admitiu Marta Temido. Além de o país ter “aumentado significativamente a sua capacidade de resposta nesta área”, contando atualmente com 1.200 camas para resposta ao doente crítico — dessas, 900 mobilizadas para Covid-19 —, a equipa alemã vai ser funcionar como mais uma “unidade de cuidados intensivos em Lisboa e Vale do Tejo”.

A chegada dos 26 profissionais alemães, entre médicos e enfermeiros, assegura ainda a abertura de mais oito camas nos cuidados intensivos no Hospital da Luz, onde vão trabalhar os próximos 21 dias. “Para alguns poderá parecer pouco, mas quero-vos dizer que é muito. É muito, sobretudo para um sistema de saúde que está a sofrer uma elevada pressão e onde os próximos dias serão os mais significativos”, comentou ainda Marta Temido na Base Aérea de Figo Maduro.

Os profissionais vindos da Alemanha vão trabalhar no Hospital da Luz, com o qual foi estabelecido um plano que permitirá agora garantir a operacionalização desta equipa. “Estamos a falar de instalações que estavam preparadas, em termos de infraestruturas e de equipamentos, mas que já não tinham recursos humanos para poderem funcionar “, esclareceu ainda a ministra da Saúde.

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Além dos 26 profissionais de saúde, entre eles seis médicos, ao país chegaram ainda 40 ventiladores móveis e 10 estacionários, 150 bombas de infusão e 150 camas hospitalares.

Em comunicado divulgado na tarde desta terça-feira, o Grupo Luz Saúde diz que se disponibilizou “para receber a equipa dos 26 militares alemães, a maioria profissionais de saúde com especialidade em cuidados intensivos″. Nesse sentido, e correspondendo ao apelo do Ministério da Saúde, “foi possível realocar doentes, recursos e adaptar espaços, em tempo record, por forma a disponibilizar um núcleo de mais 8 camas de cuidados intensivos que permitisse à equipa alemã trabalhar num espaço único”.

Já antes, de manhã, a comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva afirmara que “de forma imediata e perante a urgência de antecipar o pico de necessidade de camas de cuidados intensivos”, o Hospital da Luz fora o único “capaz de oferecer camas suficientes para a equipa ficar a trabalhar junta”.

A CUF também foi contactada para disponibilizar 8 camas de cuidados intensivos para acolher profissionais alemães, mas o Ministério da Saúde “optou” por colocar a equipa noutra instituição, como apurou o Expresso.

A equipa alemã vai permanecer em Portugal durante três semanas e será substituída a cada 21 dias, até ao final de março, caso seja necessário.

Ministro da Defesa agradeceu apoio alemão. “É para isso que servem os amigos”, foi a resposta

O ministro da Defesa falou, à semelhança de Marta Temido, antes da chegada do avião ao aeroporto Figo Maduro. João Gomes Cravinho agradeceu desde logo a “prontidão e a generosidade” do governo alemão e sublinhou “o grande espírito de solidariedade da Alemanha”, bem como o facto de Portugal estar enquadrado no contexto da União Europeia, isto é, “no contexto de países amigos que se apoiam uns aos outros”.

Há dias escrevi uma mensagem à ministra [da Defesa] alemã para agradecer o apoio. A resposta foi muito simples: ‘É para isso que servem os amigos’.”

“A chanceler Angela Merkel perguntou ao nosso primeiro-ministro como poderia apoiar. Rapidamente veio uma equipa das Forças Armadas alemãs a Portugal para fazer um levantamento”, referiu. Em função dessa missão foram identificadas várias possibilidades de apoio que se concretizaram no momento da chegada do avião da Força Aérea alemã. “É com muito apreço que saudamos esta postura do governo alemão e vamos, naturalmente, utilizar da melhor maneira possível este apoio.”