Portugal desceu de categoria no Índice de Democracia elaborado anualmente pela revista The Economist, deixando de ser um “país totalmente democrático” para regressar à categoria de “democracia com falhas”, um recuo impulsionado pelas medidas restritivas impostas pela pandemia.

O relatório de 2020 esta terça-feira divulgado pela The Economist Intelligence Unit, com o título “Na saúde e na doença?” coloca Portugal e França no mesmo patamar e exatamente com o mesmo avanço e recuo: ambos os países tinham na edição anterior avançado para “país totalmente democrático” e ambos perderam agora esta categoria, sendo os únicos na Europa Ocidental a registarem estes movimentos.

Em ambos os casos, as restrições impostas como forma de conter a propagação da covid-19, nomeadamente os confinamentos gerais, o distanciamento social e várias outras medidas, explicam grande parte da queda da categoria de “país totalmente democrático” para “democracia com falhas”.

A par da reversão das liberdades democráticas por causa da pandemia, outra das questões que contribuíram para a quebra da pontuação média de Portugal no Índice foram a redução dos debates parlamentares ou ainda “a falta de transparência no processo de nomeação do presidente do Tribunal de Contas”.

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“Estes desenvolvimentos, em paralelo com impacto da restrição de movimentos, levaram a uma descida na pontuação global dos anteriores 8.03 para 7.90”, refere o relatório.

Com a pontuação global de 7.90 (em 10) Portugal situa-se agora na posição 26 na classificação geral e 15 na classificação regional.

Na categoria de processo eleitoral e pluralismo, a revista atribui a Portugal 9.58 (sem alterações face à edição anterior), 7.50 no funcionamento do Governo (contra 7.86 em 2019), 6.11 na participação política e 7.50 na cultura política, ambos sem alterações.

Já no que toca à categoria das liberdades civis, a revista atribui 8.82, quando em 2019 Portugal tinha conseguido obter 9.12.

Ainda que as restrições impostas pela pandemia sejam uma variável comum a vários países, nomeadamente europeus, o índice nota que no que à Europa Ocidental diz respeito, apenas países (Portugal e França) caíram de categoria o que faz com que sejam agora 13 os que são considerados como “país totalmente democrático”.

Entre os sete classificados como “democracia com falhas” contam-se ainda Itália, Malta, Chipre, Grécia ou Bélgica.

A nível global, o estudo assinala que em 2020 uma “larga maioria de países”, 116 num total de 167 (cerca de 70%) registaram um recuo na classificação geral face a 2019, havendo apenas 38 que observaram subidas, enquanto 13 mantiveram a mesma classificação.