O pico da terceira vaga da pandemia da Covid-19 em Portugal já passou, o número de casos diários de infeção detetado pelas autoridades de saúde parece estar perto de voltar aos níveis anteriores à terceira vaga de contágios mas é muito cedo para celebrar: a descida de casos diários está ainda longe de se refletir numa descida significativa do número de mortes e no número de pessoas em hospitais e em unidades de cuidados intensivos.

Uma comparação entre o boletim divulgado este domingo pela Direção-Geral da Saúde — que reporta 3.508 casos de infeção detetados nas últimas 24 horas e 204 mortes — e o boletim divulgado pela DGS no último dia de 2020, quando os efeitos da terceira vaga ainda não se sentiam, não deixa margem para dúvidas. Esse boletim de 31 de dezembro dava conta de que em Portugal estavam 2.840 pessoas nos hospitais com Covid-19; à meia-noite deste domingo estavam 6.248, mais do dobro.

Também o número de pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos continua muito distante dos níveis pré-terceira vaga. Às 0h de 31 de dezembro, dia escolhido a título de exemplo, estavam internadas em UCI 482 doentes graves com Covid-19. Às 0h de este domingo, estavam 865 pacientes nestas unidades — menos 26 do que 24 horas antes mas algumas centenas a mais do que antes da terceira vaga que se seguiu ao Natal e ano novo.

Do mesmo modo, o número de mortes diárias (ao longo de 24 horas) é muito superior ao que se verificava antes da 3ª vaga. No boletim de 31 de dezembro, eram reportados 76 óbitos nas 24h da véspera. Neste domingo, 7 de fevereiro, o boletim da DGS reporta 204 mortes — quase o triplo.

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Há uma descida do número de mortes face a dias e semanas recentes: é preciso recuarmos a 18 de janeiro, ou seja há quase três semanas, para encontrarmos um número de óbitos menor. Mas a descida não chega para compensar a explosão exponencial das mortes nas primeiras semanas deste ano de 2021.

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Ultrapassadas as 14 mil mortes desde o início da pandemia

Com menos de um ano de pandemia em Portugal (o primeiro caso foi detetado pelas autoridades em março), mesmo com dois confinamentos gerais decretados e com recomendação de uso de materiais protetores como máscaras e álcool-gel, o número de vítimas associadas à Covid-19 já superou os 14 milhares.

Em Portugal morreram até agora 14.158 pessoas infetadas com o novo coronavírus. Já o número total de infeções detetadas pelas autoridades de saúde (pessoas com teste de diagnóstico positivo à infeção) passou agora a ser 765.414, com os 3.508 casos das últimas horas.

5 vítimas mortais tinham menos de 60 anos. Lisboa com 100 mortes em 24h

Entre as 204 pessoas que morreram este sábado em Portugal, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado este domingo pela DGS, nenhuma tinha menos de 40 anos — mas cinco vítimas mortais tinham menos de 60.

Na casa dos 40, regista-se a morte de um homem infetado com o novo coronavírus. Na casa dos 50, morreram três homens e uma mulher. E na casa dos 60, morreram 14 pessoas (10 homens e 14 mulheres).

A maioria das vítimas continua a estar concentrada nas faixas etárias acima dos 70 anos (66 mortes, entre 47 homens e 19 mulheres) e sobretudo acima dos 80 (119 mortes, entre 59 homens e 60 mulheres).

Das 204 vítimas mortais, 100 (quase metade) eram da região de Lisboa e Vale do Tejo, 39 eram da região Norte, 40 da região Centro, 13 do Alentejo e dez do Algarve. Na Madeira foram reportados mais dois óbitos. Nos Açores não há registo de novas vítimas mortais.

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Nº de novos casos cai: será o 1º dado a voltar aos índices pré-terceira vaga

Face ao mesmo dia da semana passado, há um registo de menos 5.990 casos novos de infeção — uma tendência que se verificou ao longo de toda a última semana.

No boletim divulgado no domingo da semana passada, as autoridades de saúde confirmavam 9.498 casos novos — por sua vez, menos 2.223 do que os 11.721 casos do domingo anterior, dia 24 de janeiro.

Este domingo, o boletim reporta 3.508 casos novos: bem menos de metade dos 9.498 do mesmo dia da semana passada.

Desde o dia 3 de janeiro, aliás, que um boletim diário da Direção Geral da Saúde não reportava tão poucos casos confirmados de infeção em 24 horas. Nesse dia, o boletim registava 3.385 novas infeções. Este domingo, são 3.508.

LVT tem 41% de infeções, Madeira teve semana com máximo de casos

As regiões da Madeira e Lisboa e Vale do Tejo serão as que mais preocuparão as autoridades de saúde. Na Madeira foram detetados nas últimas 24 horas 136 casos novos de infeção — o que torna esta a semana com mais casos desde a chegada da pandemia ao país.

Em Lisboa e Vale do Tejo (LVT) o cenário já esteve mais problemático, mas esta continua a ser a região que concentra mais infeções do território nacional. O boletim divulgado este domingo pela DGS, com dados apurados ao longo das 24 horas do dia anterior, indica que em LVT foram detetados pelas autoridades de saúde mais 1.435 casos confirmados de infeção — o equivalente a 41% da totalidade dos novos casos no país.

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Ao contrário dos dias mais recentes, a região de Lisboa e Vale do Tejo não concentra desta vez a maioria (mais de 50%) das novas infeções detetadas. Mas continua a concentrar mais de 40 em cada 100 novos casos.

A região Norte reporta 957 novas infeções confirmadas, a região Centro 676 , o Alentejo 154, o Algarve 142 e os Açores 8 novas infeções.