A Comissão Europeia publica esta quinta-feira as previsões macroeconómicas intercalares de inverno, numa altura em que a pandemia da Covid-19 continua bem presente e a atrasar o ritmo de recuperação económica na União Europeia.

Depois de, em novembro passado, a segunda vaga da pandemia e a renovação das medidas restritivas já terem levado Bruxelas a rever em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro em 2021, o agravamento da situação epidemiológica, com a terceira vaga e a implementação de medidas de prevenção ainda mais duras e duradouras na generalidade dos Estados-membros, deverá forçar a Comissão a voltar a agravar as suas previsões.

No outono, a Comissão ‘retirou’ quase dois pontos à sua anterior projeção do verão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na zona euro em 2021, passando de 6,1% para 4,2%, e agravou também a perspetiva de recuperação no conjunto da União, antecipando um crescimento económico dos 27 de apenas 4,1% no corrente ano, quando em julho projetava uma subida de 5,8%.

Bruxelas estimava então que a retoma prosseguisse em 2022 com um crescimento económico de 3% tanto na zona euro como na UE, assumindo que tal significava que nem mesmo no próximo ano a economia voltaria aos níveis registados antes da pandemia da Covid-19, quer no espaço da moeda única, quer no conjunto dos 27 Estados-membros.

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No caso de Portugal, Bruxelas também reviu em baixa as perspetivas de recuperação em 2021, ao projetar um crescimento de 5,4% do PIB (contra 6,0% em julho), seguido de uma subida de 3,5% em 2022.

Na terça-feira, o ministro das Finanças, João Leão, admitiu no parlamento que o Governo terá de “rever significativamente o cenário macroeconómico para 2021”, face à evolução da pandemia de Covid-19.

A evolução da pandemia conduziu a medidas de confinamento que vão ter um impacto significativo, em particular nos setores mais afetados pela necessidade de distanciamento social”, disse o ministro de Estado e das Finanças, numa audição regimental na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) da Assembleia da República.

Para 2021, o Governo prevê, atualmente, um crescimento económico de 5,4%, em linha com a projeção da Comissão Europeia, que, todavia, irá então quinta-feira atualizar as suas previsões, ainda antes do Governo.

O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, apresentará em conferência de imprensa em Bruxelas estas previsões de inverno, que, sendo intercalares, compreendem apenas dois indicadores, a evolução do PIB e a inflação.