Carlos Ramos, vereador da Câmara Municipal de Torres Novas, deixou o pelouro da Proteção Civil depois de, como o Observador noticiou, ter sido vacinado com “sobras” sem pertencer ao grupo prioritário. A decisão foi comunicada pela concelhia do PS de Torres Novas, que considera que a vacinação “violou princípios éticos“.

Num comunicado publicado no Facebook, a concelhia escreve que foi ouvida a comissão política do PS de Torres Novas, concluindo-se que a sobra administrada ao vereador “deveria ter sido aplicada noutra pessoa de maior risco de saúde e dentro das prioridades oficiais“. Apesar de não existirem na altura “normas oficiais para as vacinas sobrantes”, a vacinação “violou princípios éticos”. 

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“A Comissão Política do Partido Socialista de Torres Novas manifestou a sua total discordância com esta atitude do vereador com o pelouro da Proteção Civil. Entende que a mesma violou princípios éticos, apesar da ausência de normas oficiais para as vacinas sobrantes à data da tomada da mesma”, lê-se na publicação.

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À comissão política, o vereador Carlos Ramos “reconheceu o erro de avaliação da circunstância e voluntariamente entregou o seu Pelouro da Proteção Civil ao Presidente da Câmara“. “Importa esclarecer que juridicamente a manutenção do mandato autárquico de cada vereador não depende do Presidente da Câmara, nem de qualquer outro órgão autárquico, mas apenas do respetivo titular eleito”, acrescenta a nota. E lembra que “a gestão das vacinas, incluindo as “sobras”, não foi nem é da competência do município. A tomada da vacina resultou de uma decisão individual.”

O Observador noticiou, a 10 de fevereiro, que Carlos Ramos tomou a vacina contra a Covid-19 sem estar no grupo prioritário. Ao Observador, o eleito pelo PS indicou que recebeu a vacina quando estava a “fazer o acompanhamento das equipas de vacinação do ACES do Médio Tejo, em conjunto com os bombeiros”. Segundo o vereador, como sobraram doses depois de terem sido vacinados todos os utentes e funcionários “e não existindo mais ninguém para ser vacinado”, aceitou “a proposta para ser vacinado em vez da vacina transformar-se em resíduo”.

Vereador de Torres Novas vacinado sem ser prioritário. “Sobrou uma” e “não existia mais ninguém”, justifica

Carlos Ramos referiu ainda que, no momento em foi vacinado, ainda “não existiam critérios para as vacinas que sobrassem”. “Penso que cumpri o dever de cidadão e ninguém foi prejudicado ou substituído. Não ocupei o lugar de ninguém”, afirmou.

Dois dias depois, o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira (PS), adiantou que a vacinação do vereador seria analisada pela concelhia socialista, embora considerasse que esta matéria é “da responsabilidade e consciência de cada um”.

Covid-19. Vacinação de vereador vai ser analisada pelo PS Torres Novas