Marco Almeida, atual vereador do PSD na Câmara de Sintra, não gostou de ser preterido em função de Ricardo Baptista Leite e deve mesmo entrar na corrida autárquica como candidato independente. Complicam-se, assim, as dores de cabeça de Rui Rio, que, mais a Norte, na Figueira da Foz, deverá ter Pedro Santana Lopes a fazer sombra ao candidato escolhido pelo PSD, Pedro Machado.

Em declarações ao Observador, Marco Almeida assume que está “tudo em aberto“, incluindo ser candidato independente contra Basílio Horta e Ricardo Baptista Leite. Nos últimos dias, e depois de se perceber, em definitivo, que Rui Rio não contava com ele, Marco Almeida tem recebido muitos incentivos para avançar para aquela que será a sua terceira candidatura em Sintra.

Apesar de ainda existir a hipótese de integrar uma coligação com outros partidos, o que parece manifestamente improvável nesta altura do campeonato, o mais certo é que Marco Almeida avance mesmo como independente. Tem sido essa, pelo menos, a opinião da generalidade dos seus apoiantes que o têm contactado nas últimas 24 horas.

A escolha do candidato a Sintra tornou-se um psicodrama no PSD. O preferido da direção de Rio era Pedro Santana Lopes, que teria em Marco Almeida o seu número dois. A convulsão na estruturas locais, a falta de vontade de Marco Almeida e as ambições próprias do ex-primeiro-ministro obrigaram a direção do PSD a encontrar um plano B.

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No entretanto, a própria concelhia do PSD/Sintra — liderada por Ana Sofia Bettencourt, há muito em rota de colisão com Marco Almeida — tentou forçar um candidato próprio — António Pinto Pereira, professor no ISCSP — para evitar que fosse Pedro Santana Lopes a entrar na corrida. A direção acabou por ignorar por completo a sugestão da concelhia e por forçar a escolha de Ricardo Baptista Leite.

Nas eleições de 2013, o PSD, então liderado por Pedro Passos Coelho, escolheu Pedro Pinto como candidato contra Basílio Horta. Marco Almeida, que era vice de Fernando Seara, afastou-se do partido e avançou com o movimento independente “Sintrenses com Marco Almeida”. Um ano depois seria expulso do partido por encabeçar uma candidatura contra o partido, algo que ia manifestamente contra os estatutos do partido.

Em 2017, ainda como independente, voltou a candidatar-se à autarquia de Sintra, mas já com o apoio do PSD. Da primeira vez, conseguiu 25,42% dos votos. Na segunda oportunidade, teve 29,01%, mas o fosso para Basílio Horta (43,05%) foi muito maior.

É já no consulado de Rui Rio que Marco Almeida se volta a aproximar do partido e a recuperar o cartão de militante. E foi precisamente por ter sido apoiante do atual líder social-democrata que a escolha de Ricardo Baptista Leite acabou por acelerar a cisão: Marco Almeida sentiu-se desconsiderado pelos dirigentes sociais-democratas e não tem vontade de desistir de uma candidatura que entende fazer todo o sentido.

“Estou a fazer uma reflexão muito cuidada e gostava de resolver isto na minha cabeça até ao final da semana”, diz ao Observador. O mais certo é que avance mesmo como independente, o que pode acentuar, previsivelmente, a divisão da família não-socialista no concelho.