Há cada vez menos jipes dignos desse nome no mercado, capazes de enfrentar as mais duras condições no todo-o-terreno, o que implica conseguir lidar com zonas particularmente escorregadias, progredindo quando apenas uma roda tem aderência, mas garantindo ainda grande cruzamento de eixos para ultrapassar determinados obstáculos e robustez suficiente para resistir a pancadas fortes, sem partir ou ficar afectado. Este é o mundo do Wrangler, o modelo mais radical da Jeep.

Mas o Wrangler necessita de uma versão que satisfaça os condutores que são, simultaneamente, amantes do todo-o-terreno e amigos do ambiente, pois não faltam os clientes que exigem uma versão eléctrica. Mas atenção, sem comprometer uma coisa ou outra, que é como quem diz, com a capacidade de agradar a gregos (os que adoram ultrapassar obstáculos) e a troianos (os que não querem poluir enquanto se deslocam). E esta não é uma tarefa fácil, sobre a qual já aqui falámos:

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Para conseguir reunir o melhor de dois mundos e, ainda, reduzir ao mínimo o investimento do construtor, o Magneto – assim se denomina o Wrangler eléctrico – mantém tudo na mesma, do chassi curto e a carroçaria de duas portas, à suspensão por eixo rígido atrás e independente à frente, passando pela caixa de velocidades manual acoplada à caixa de transferências que permite tracção 4×2 ou 4×4, além de redutoras, com as altas e baixas, estando estas últimas indicadas para superar obstáculos muito lentamente e sem esforçar a embraiagem.

A única alteração no Magneto é a saída do motor a gasolina ou diesel, para no seu lugar surgir um muito mais pequeno motor eléctrico com 289 cv, o mesmo valor do mais possante V6 a gasolina. Só que esta mesma unidade motriz, uma vez acoplada à caixa de transferências e à caixa de velocidades, vê a sua força multiplicada várias vezes, consoante a relação escolhida, com os 370 Nm que originalmente possui a poderem disparar qualquer coisa entre 5.000 e 10.000 Nm, logo a partir das primeiras rotações.

O jornalista da Motor 1 que já teve oportunidade de conduzir o concept Magneto no deserto do Moad, no estado do Utah (EUA), explica no vídeo (que pode ver abaixo) que para engrenar as mudanças continua a ser necessário carregar na embraiagem, o mesmo acontecendo para trocar de caixa. Como ainda estamos perante um protótipo, há muitos pormenores que ainda podem ser melhorados antes de passar à produção em série, mas a Jeep queria mesmo que os seus clientes tivessem contacto com o Magneto e se apercebessem que a capacidade de exibir as suas capacidades de jipe puro e duro não tinham sido beliscadas. E, já agora, escutar as suas sugestões e comentários, antes de se comprometer com um Wrangler eléctrico de produção corrente.

Tal como está, o Magneto pesa mais cerca de 600kg do que o Wrangler diesel e um pouco menos em relação à versão a gasolina. A existência de redutoras, caixa de velocidades e diferenciais convencionais são uma enorme fonte de absorção de potência, mas o Wrangler poderá compensar parcialmente isso ao dispor de seis velocidades para reduzir a rotação do motor eléctrico e, idealmente, o consumo de energia. Em termos de capacidade de bateria, o Magneto conta com 70 kWh divididos por quatro packs distribuídos pelo chassi, alimentando um sistema eléctrico a 800V.

Resta aguardar pela reacção dos clientes e o anúncio das características da versão definitiva do Magneto.