O general Raúl Castro retirou-se definitivamente da política e deixou de ser líder do Partido Comunista Cubano (PCC), cedendo a liderança da ilha ao atual presidente do país, Miguel Díaz-Canel, escreve a BBC. O agora antigo líder anunciou a sua decisão no VIII Congresso do partido, principal reunião dos comunistas cubanos. O seu sucessor será votado no final do congresso de quatro dias.
No discurso de abertura, Raúl Castro denunciou o incremento da hostilidade dos EUA nos últimos anos e insistiu na vontade do país em fomentar um diálogo respeitoso “sem concessões à sua soberania e independência”. Castro, que durante o seu último mandato como presidente (2013-2018) impulsionou a retoma de contactos com o país vizinho, criticou o endurecimento das sanções por parte de Washington.
No entanto, as mudanças no relacionamento com Cuba não são uma prioridade para o presidente dos EUA, Joe Biden, de acordo com a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, confrontada esta sexta-feira com as declarações de Castro no decorrer de uma conferência de imprensa. Psaki teceu vários comentários sobre o congresso do PCC ou mesmo sobre Raúl Castro, mas frisou que “uma alteração da política relativamente a Cuba ou a tomada de medidas adicionais não está, neste momento, entre as prioridades da política externa do presidente” Biden.
Isto apesar de o seu antecessor, Donald Trump, ter tomado diversas medidas que colocaram um travão na aparente retoma de contactos entre os dois países e que impactaram duramente na economia cubana.
Um alto dirigente do Governo de Joe Biden confirmou à agência Efe, mais tarde, que o presidente norte-americano não considera Cuba como uma prioridade e pretende, isso sim, “fazer dos direitos humanos um pilar fundamental da sua política externa”, o que inclui “redobrar” a atenção sobre esse tema em todo o continente americano. A fonte, que pediu anonimato, ressalvou no entanto que a Casa Branca está comprometida com “rever as decisões da anterior administração, incluindo a de considerar Cuba como um Estado patrocinador do terrorismo”.
Apenas nove dias antes do final do seu mandato, Donald Trump tomou a decisão de voltar a incluir Cuba nessa listagem de países, de onde tinha sido retirada em 2015 pela administração de Barack Obama. A inclusão na “lista negra” do terrorismo implicou um travão ao comércio entre os dois países e sanções adicionais, ainda que Cuba já sofresse de todas essas restrições devido ao embargo em vigor. Durante os seus quatro anos no poder, Donald Trump impôs várias sanções a setores estratégicos de Cuba, que deterioraram a economia do país, mergulhada na sua pior crise das últimas três décadas.