Caster Semenya, bicampeã olímpica dos 800 metros, continua sem saber se poderá participar nos Jogos Olímpicos, que se defrontam em Tóquio daqui a menos de três meses. A atleta sul-africana de 30 anos, campeã olímpica nas edições de 2012 e 2016 está, para já, impedida de defender o que poderia ser o seu terceiro título.

Em entrevista ao jornal The Guardian, a atleta explica que continua à espera de informações do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que pode, ou não, influenciar a associação World Athletics (Atletismo Mundial) a reverter a decisão que tomou em 2018.

Semenya sofre de hiperandrogenismo, uma condição que lhe elevou a produção de testosterona a níveis acima do que é considerado normal nas mulheres. Por causa disso, a associação mundial de atletismo criou uma regra que proíbe mulheres com estas condições de competir internacionalmente nas corridas entre 400 metros e milhas. A não ser que tomem um anticoncecional diariamente.

A atleta condena: “Eles querem que eu destrua o meu próprio sistema. Eu não estou doente. Eu não preciso de drogas.” E deixa claro que nunca vai seguir este caminho.

Caster Semenya lamenta que o presidente da associação, Sebastian Coe, não tenha pensado como um humano, mas sim “como o presidente de uma organização”.

Como homem, ele deveria olhar nos olhos da sua esposa e dizer: ‘ Eu dei-te filhos. Se alguém estivesse a tratar os nossos filhos desta maneira, qual seria a tua reação?'”

A atleta deixou ainda claro que não foi o seu distúrbio que a tornou a melhor, mas sim o treino e o conhecimento. “Eu treinei como uma escrava para ser a maior.” “Vi Usain Bolt treinar. O seu treino era uma loucura e eu também sou assim.” E deixa questões acerca dos grandes desportistas do sexo masculino.

“Jogadores de basquetebol como LeBron James são altos. Se todos os jogadores altos forem proibidos de jogar, o basquetebol será o mesmo? Usain tem fibras musculares incríveis. Eles vão impedi-lo, também? Os meus órgãos podem ser diferentes e posso ter uma voz grave, mas sou uma mulher.”

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