A relação entre Rio e Costa azedou definitivamente depois de o chefe de Governo ter dito que o  líder da oposição era “pior do que um cata-vento” numa entrevista que concedeu este fim de semana. O líder da oposição reagiu esta segunda-feira, após um encontro com oficiais de justiça no Porto, às críticas do primeiro-ministro, dizendo que “podia dizer muito”, mas podia cair num “patamar idêntico ao dele”. Para Rui Rio, António Costa “não teve o nível que deve ter para um primeiro-ministro” e acusa-o de ter recorrido a “insultos”. Ainda assim, o que o mais o desilude é perceber que “o PS não quer fazer uma reforma na justiça”.

Em entrevista ao DN, JN e TSF, António Costa tinha dito este domingo que “um cata-vento tem uma grande vantagem sobre o dr. Rui Rio: é que um cata-vento ao menos tem pontos cardeais, Rui Rio não tem”. O primeiro-ministro disse ainda que “Rui Rio diz coisas que nem tem noção, presumo eu, do que está a dizer em matéria de Justiça. Como sabe, há duas categorias profissionais que ele odeia: uns são os senhores, os jornalistas, e a seguir são os magistrados”. E a dureza continuou com Costa a encostar Rui Rio ao líder do Chega, André Ventura, lembrando o acordo dos Açores.

Costa ataca Rio. “Um cata-vento ao menos tem pontos cardeais”

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Também a questão do Chega não ficou sem resposta de Rui Rio. Para o líder do PSD, o primeiro-ministro “não conseguiu ultrapassar a derrota nos Açores, que é pior que uma derrota normal”, já que os sociais-democratas chegaram ao poder com a estratégia de Costa em 2015.

“Quem com ferros mata, com ferros morre”, atirou Rui Rio. O presidente do PSD diz que Costa “provou do seu próprio veneno” já que no arquipélago “aconteceu aquilo que ele fez aquilo em Portugal [continental] em 2015.. Ainda não ultrapassou isso.”

Rui Rio lembrou ainda que Costa o atacou na resposta a uma pergunta sobre a Operação Marquês, que prova que o PS “devia ser o principal interessado” numa reforma da justiça. O líder da oposição defende que “para lá da questão sanitária, da questão económica, há um problema grave com a justiça, que é: a justiça não funciona”.

O presidente do PSD diz que, perante estes insultos pessoais, “se fosse comentador” diria que não há hipótese de haver uma reforma da justiça com o PS, mas que não se pode dar ao luxo de atirar a toalha ao chão:”Se tivesse estados mal, amuava e dizia: Com ele não falo mais, porque foi incorreto comigo. Mas não posso fazer isso porque sou líder da oposição.”

Até agora, Rui Rio só tinha reagido à entrevista através do Twitter, em que também não tinha sido propriamente meigo, acusando o primeiro-ministro de “hipocrisia” e de ter um “nível rasteiro”.