As empresas não conseguem “antecipar e precaver os riscos emergentes”, apesar de “um vasto consenso” sobre esta matéria, de acordo com um relatório da Marsh Risk Resilience, especializada em consultoria de risco e corretagem de seguros.

Apesar de um vasto consenso entre grandes e médias empresas sobre a crescente ameaça representada por um conjunto de riscos emergentes, a grande maioria continua a ignorar e a subestimar o impacto destes riscos nos seus negócios”, adiantou a organização.

Este estudo foi realizado com base num inquérito a 1.000 empresas, incluindo cerca de 30 portuguesas, destacando “grandes disparidades na perceção e capacidade de resposta a ameaças derivadas de riscos: pandémicos, de ataques cibernéticos, de tecnologias emergentes, de alterações climáticas/ambientais, sociais e de governance (ESG), alterações regulatórias e geopolíticos”.

O estudo conclui que “apenas 25% das empresas adotam um processo compreensivo ou formal para avaliar o impacto destes riscos nos seus negócios, apesar de identificarem estes riscos como ameaças crescentes”, sendo que, para a Marsh, isso “leva as empresas a estarem mais vulneráveis a interrupções, imediatas e a longo prazo, das suas operações, ativos e fluxos de receitas”.

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Além disso, revelou a Marsh, “75% das empresas afirmam que os seus processos de gestão de risco e de subscrição de seguros estão alinhados com estratégias de crescimento a longo prazo”, o que indica, segundo a entidade, que “as empresas estão, principalmente concentradas nas ameaças a curto prazo, mais do que nas que são percecionadas como severidade elevada, mas de baixa frequência”.

As empresas afirmam ainda que “os seus clientes e consumidores seriam mais afetados por cinco dos seis riscos emergentes”, mas “não estão a implementar processos eficazes para se adaptarem, aprenderem e evitarem interrupções para este público crucial, o que pode levar a implicações financeiras significativas”.

De acordo com a empresa, “o relatório conclui que uma organização resiliente é capaz de antecipar o risco, minimizar as perdas e retomar rapidamente o seu negócio após um incidente, ganhando assim uma vantagem competitiva para com as empresas menos preparadas”.

“A pandemia de covid-19, o encerramento temporário do Canal de Suez, os grandes ataques cibernéticos, bem como outros acontecimentos recentes, expuseram a fragilidade dos sistemas globais das empresas para gerir grandes crises”, disse Fernando Chaves, especialista de risco da Marsh Portugal, citado numa nota.

“Conforme o nosso relatório destaca, as estratégias eficazes para construir empresas mais resilientes não só facilitarão uma recuperação mais rápida, como também se tornarão, cada vez mais, uma vantagem competitiva”, garantiu. A Marsh acredita que “o percurso até à resiliência envolve quatro passos e comportamentos comuns: antecipar riscos importantes, associar a gestão de risco à estratégia de negócio, evitar lacunas na perceção da preparação e avaliar informação relevante”.

Notícia atualizada às 15h07 para corrigir, no quinto parágrafo, a percentagem de empresas, que é de 75%, e para esclarecer que os processos de gestão e risco e de subscrição de seguros estão alinhados com estratégias de crescimento a longo prazo — e não ao contrário —, após retificação feita pela empresa