No próximo ano letivo as escolas deverão ter autorização para contratar mais professores, técnicos e profissionais não docentes. Segundo o Diário de Notícias, está em causa o Plano 21 | 23 Escola +, que pretende pôr em prática a recuperação de aprendizagens nos próximos anos devido à pandemia de Covid-19. A Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e a Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) consideram que só com mais contratações é possível avançar com o plano.

As decisões tomadas têm em conta o trabalho de uma equipa multidisciplinar constituída pelo Governo e que conta com docentes, diretores de escolas, psicólogos e pessoas ligadas ao setor da Educação. Filinto Lima, diretor da ANDAEP, realçou a necessidade de “mais recursos humanos” para ser possível “aumentar o crédito horário que os agrupamentos podem atribuir aos professores, bem como mais técnicos especializados, como psicólogos, mediadores”. O responsável lembra até que este ano já foram contratados 900 técnicos mas alerta para a necessidade de mais pessoas para se cumprirem os objetivos.

Mais, Filinto Lima pediu ainda que haja um documento com “orientações e recomendações para que cada escola o possa seguir conforme as suas necessidades, atribuindo autonomia aos agrupamentos”.

O coordenador nacional do Sindicato de Todos os Professores (S.T.O.P) disse ao DN que não houve um convite para que fossem ouvidos no âmbito do Plano 21 | 23 Escola + e acusa o Ministério da Educação de “mais uma vez” tomar uma “decisão unilateral”. “Estamos expectantes, mas face à postura deste ME, não temos razões para estar com grande otimismo. Têm-nos mostrado que, quando fazem reuniões, não há discussões realmente sérias”, lamentou o responsável.

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Medidas do Plano de Recuperação das Aprendizagens conhecidas esta terça-feira

O Governo apresenta esta terça-feira as medidas do plano de recuperação das aprendizagens perdidas pelos alunos do ensino obrigatório devido à pandemia de Covid-19, que implicou aulas à distância e o confinamento dos estudantes.

O Plano de Recuperação de Aprendizagens esta terça-feira apresentado é o resultado da auscultação de vários intervenientes, entre os quais uma equipa de especialistas, e deverá ser aplicado nos dois próximos anos.

A criação do grupo de trabalho foi anunciada em finais de março pelo secretário de estado Adjunto e da Educação, João Costa, no mesmo dia em que foram divulgados os resultados de um estudo diagnóstico sobre o impacto do primeiro confinamento nas aprendizagens.

O estudo revelou que mais de metade dos alunos não conseguiu atingir os níveis esperados em conhecimentos elementares a Leitura, Matemática e Ciências, segundo as provas realizadas pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) a mais de 23 mil alunos dos 3º, 6º e 9º anos de escolaridade.

Os primeiros casos de Covid-19 foram registados em Portugal no início de março de 2020 e as escolas foram encerradas cerca de duas semanas depois, implicando a substituição do ensino presencial pelo ensino à distância. Sem equipamentos informáticos nem acesso à internet, milhares de alunos ficaram “fora” da escola. À falta de meios somaram-se as dificuldades em conseguir ensinar e cativar a atenção através de um computador.

A situação excecional vivida nos três últimos meses do passado ano letivo teve como consequência soluções variadas e diferenciadas de ensino à distância.

A convicção de que o processo de ensino e de aprendizagem causou disparidades entre os alunos de diferentes escolas chegou em abril deste ano, com a divulgação dos dados preliminares do diagnóstico das aprendizagens elaborado pelo IAVE.

Já este ano, o agravamento da pandemia de Covid-19 e as dificuldades de resposta por parte dos serviços de saúde, levaram o Governo a suspender mais uma vez o ensino presencial. Nesta “segunda edição” do ensino online, a distribuição de computadores e placas de acesso à Internet pelos alunos para se manterem ligados já não atingiu tanto os estudantes mais carenciados, uma vez que foram os primeiros a receber os kits disponibilizados pelo ministério da educação.

No entanto, vários estudos e especialistas têm alertado para o facto de a pandemia ter agravado ainda mais o fosso entre os alunos carenciados e privilegiados, uma vez que além dos equipamentos é preciso ter também condições em casa para se poder assistir às aulas.

Nos últimos meses surgiram várias sugestões para recuperar as aprendizagens, como escolas de verão ou tutorias nas escolas, mas apenas esta terça-feira serão conhecidas as medidas que o Governo vai levar a cabo.

A equipa de dez especialistas que desenhou as propostas para a recuperação das aprendizagens é composta pelo coordenador do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, José Lopes Cortes Verdasca, a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Sofia Ramalho e a professora associada da NOVA School of Business & Economics Susana Peralta.

A equipa conta também com um grupo de diretores e professores de escolas do ensino obrigatório: O diretor do Agrupamento de Escolas Frei Gonçalo Azevedo, David Sousa, o professor do Agrupamento de Escolas Dr. Júlio Martins, José Jorge Teixeira, a diretora do Agrupamento de Escolas de Oliveira do Bairro Júlia Gradeço.

O professor catedrático do Departamento de Ciência Política e Políticas Públicas do ISCTE Domingos Fernandes, o professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, João Pedro da Ponte, a professora catedrática da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, Maria Gaspar de Matos e a professora auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Sónia Valente Rodrigues, são os restantes elementos da equipa.