O diretor da organização não-governamental (ONG) Centro para a Democracia e Desenvolvimento, Adriano Nuvunga, considerou esta quarta-feira que as ajudas que Moçambique recebeu para combater a pandemia foram canalizadas para as elites e não para a população, perpetuando a “governação de corrupção“.
As verbas disponibilizadas por entidades multilaterais para ajudar a combater a pandemia deviam ir para proteção social, revitalização da economia e estabilização macroeconómica, mas as prioridades foram alteradas e corruptamente Moçambique continuou com o mesmo padrão de governação de corrupção, entregando o dinheiro às elites, às grandes empresas, em vez de dar às famílias”, disse Adriano Nuvunga.
O dirigente da ONG moçambicana falava na conferência online sobre “A Pandemia da Dívida: Que Impactos para Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique?”.
Na conferência, organizada pela Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP) e a Plataforma Portuguesa das organizações não-governamentais para o Desenvolvimento (ONGD), o ativista disse que esta utilização das verbas “é consistente com o padrão dos últimos 30 anos, em que os recursos públicos são usados para o enriquecimento das elites e empobrecimento das populações, e consolidou-se mesmo em tempos de crise“.
Na opinião do diretor da ONG, “Moçambique perdeu a oportunidade porque manteve o padrão de marginalização da população e perpetuou o oportunismo das elites”.
O país, acrescentou, já tinha o setor da saúde “em semicolapso mesmo antes da pandemia de Covid-19, e perdeu a capacidade de recuperar e gerar receitas, já que a Covid-19 atrofiou não só a governação, mas também a capacidade produtiva da sociedade”.
Desde o início da pandemia de Covid-19, Moçambique contabiliza 839 mortes e 71.165 casos SARS-CoV-2.