O prazo acabava na passada segunda-feira, dia 7 de junho, e já há muito tempo, desde 31 de março, que o Hospital Metodista de Houston, no Texas, tinha dito aos funcionários que se não se vacinassem contra a Covid-19 iam ter um problema. Esta semana, foram 178 os trabalhadores, a tempo inteiro ou parcial, suspensos de funções naquele que foi o primeiro hospital dos Estados Unidos a tornar obrigatória a inoculação. Têm um prazo de duas semanas para pelo menos darem início ao processo, se não o fizerem serão despedidos.

A notícia foi avançada no início da semana por todos os media nacionais, depois de várias dezenas de trabalhadores e simpatizantes da causa anti-vacinas se reunirem no exterior do hospital, numa manifestação contra a administração, armados de cartazes com dizeres como “Vacina é veneno” e “Não percam de vista os vossos direitos”. “Se não pararmos isto agora e se não provocarmos algum tipo de mudança, toda a gente vai cair”, disse aos jornalistas no local Jennifer Bridges, a enfermeira responsável pela organização do protesto. “Vai criar um efeito dominó. Toda a gente em todo o país vai ser obrigada a introduzir no seu corpo coisas que não quer e isso não está certo”, argumentou a enfermeira, que recordou também que, atualmente, as vacinas contra a Covid-19 no país ainda não foram totalmente aprovadas pela Food and Drug Administration, mantendo-se em vigor apenas uma utilização de emergência, justificada pela pandemia.

No dia seguinte, Marc Boom, o CEO do Hospital Metodista de Houston, emitiu um comunicado a desvalorizar a questão e a garantir que 24.947 funcionários já estão devidamente vacinados e que, até de entre o grupo de 178 atualmente suspensos, 27 já receberam a primeira dose da vacina. “Esperamos que os restantes recebam a sua vacina nas próximas duas semanas, mas se não o fizerem terão de encontrar trabalho noutro lugar”, assegurou à CNN.

Inconformados com a obrigação determinada pela entidade patronal, 117 funcionários já tinham entretanto dado início a uma ação legal contra o Hospital Metodista de Houston no final de maio.

Apesar da orientação do governo federal americano que dá às entidades empregadoras legitimidade para exigir que os seus trabalhadores sejam vacinados contra a Covid-19, poucas empresas adotaram até agora a medida — até no campo da saúde, em que o hospital dirigido por Marc Boom foi pioneiro. Justamente esta segunda-feira, o governador do Texas juntou-se aos congéneres do Arkansas e da Florida e assinou uma lei que proíbe empresas e entidades governamentais de exigir passaportes de vacinas ou provas digitais de vacinação. Como assinala o New York Times, ainda não está claro de que forma esta nova lei pode, ou não, afetar a situação dos trabalhadores do Hospital Metodista de Houston.

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