O Centro Nacional de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, onde foi desenvolvida a vacina russa contra a Covid-19 — Sputnik V — está a estudar a eficácia da vacina contra uma nova variante, que o país acredita ter detetado, a “variante de Moscovo“. A informação foi dada à agência de notícias russa pelo diretor do Gamaleya, Alexander Gintsburg, depois de a Rússia enfrentar um aumento do número de novos casos nos últimos dias, que mais que duplicaram face à semana anterior.

Pensamos que a vacina será eficaz, mas temos que aguardar os resultados do estudo”, disse Gintsburg à agência de notícias.

A informação sobre as novas variantes no país é escassa. O Observador confirmou junto de um cientista e uma jornalista russos que não é claro se esta “variante de Moscovo” é realmente uma variante nova ou se se trata uma das variantes já conhecidas: Alpha, Beta e Delta e mais duas que surgiram na Rússia há mais tempo.

Denis Logunov, o vice-presidente do Gamaleya, já tinha dito publicamente que o país não podia “excluir a hipótese de haver variantes próprias em Moscovo” e que era necessário “continuar a trabalhar para, caso existam, serem identificadas e fabricadas novas vacinas como acontece com o vírus da gripe”, mas pouco foi avançado sobre novas variantes.

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No final de abril, investigadores da Skoltech e do Instituto Kharkevich reportaram que metade dos novos casos na Rússia estavam associados a uma de duas variantes que surgiram no país. Na altura, os investigadores reportaram ainda a existência de três linhagens distintas que tinham adquirido a mutação E484K, que confere à variante sul-africana a capacidade de fugir ao sistema imunitário.

Como a Rússia ocupa o quinto lugar na lista de países em número total de casos Covid-19 e está relativamente bem isolada do resto do mundo, a probabilidade de variantes locais emergirem na Rússia é bastante alta”, lê-se no comunicado de imprensa da Skoltech emitido na altura.

As duas variantes que dominavam, na altura, eram a B.1.1.317 — com as mutações Q675R, D138Y, S477N e A845S —, que representava 27% dos novos casos em fevereiro e março de 2021, e a B.1.1.397+ — com a mutação M153T —, que representava 33% dos novos casos. As duas variantes terão surgido na primavera de 2020, espalharam-se lentamente pelo país até se tornarem dominantes, mas têm pouca expressão fora da Rússia.

“Apesar de a B.1.317 e B.1.397+ serem cada vez mais prevalentes nas regiões russas, não temos evidências diretas de que sejam mais transmissíveis. Esse aumento pode ser aleatório e não está necessariamente associado a uma mudança nas propriedades do vírus. Não há dados que sugiram que B.1.317 ou B.1.397+ tenham uma taxa de mortalidade, suscetibilidade a vacinas ou progressão da doença diferente”, disse Georgii Bazykin, que coordenou o estudo.

A vacina Sputnik V usada em 13 países continua, no entanto, a registar alguma resistência dos próprios russos que desconfiam da fórmula. “Temos de estar insatisfeitos com a taxa de vacinação”, reconheceu Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.

Não há dados que apontem que as variantes da Rússia possam escapar-se às vacinas. A vacinação em massa continua a ser a nossa arma mais forte contra novas variantes. Se todos forem vacinados, não há espaço para o vírus evoluir”, disse, em abril, o virologista Georgii Bazykin sobre as variantes qu estudou.

A confirmar-se a existência da variante, será mais uma a circular no país depois da Rússia já ter detetado casos das variantes indiana, britânica e sul-africana.

Atualizado às 19 horas com a informação sobre as variantes russas e as dúvidas em relação à nova variante de Moscovo.