O secretário-geral do PCP acusou, em Alpiarça, o Governo de “seguidismo” das decisões da Comissão Europeia que impedem o país “de ter acesso às vacinas de que precisa”, pedindo “uma outra urgência e outro ritmo” na vacinação dos portugueses.

Jerónimo de Sousa, que falava na apresentação dos candidatos da CDU às eleições autárquicas deste ano no distrito de Santarém, pediu que sejam criadas “as condições para acelerar” a vacinação contra o vírus que transmite a covid-19, frisando que os responsáveis pelo programa de vacinação reconhecem que esta “poderia ser o dobro ou o triplo, se houvesse vacinas”.

Para o líder comunista, o “problema central” está na “teimosia” do Governo em continuar “a seguir as ordens da União Europeia, não permitindo o acesso a outras vacinas que a OMS [Organização Mundial da Saúde] já considerou boas”. Se não, disse, o coordenador do processo de vacinação não teria afirmado “que o programa está todo certo, mas não há vacinas”.

Lamentando que não tenha sido aceite a proposta do PCP de “urgente diversificação da compra de vacinas”, Jerónimo de Sousa pediu que sejam criadas “as condições para acelerar este processo”, bem como que seja dada “outra dinâmica à testagem massiva, definindo critérios e prioridades rigorosas” e que se faça o “rastreio de todos os novos casos”.

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O secretário-geral do PCP sublinhou a importância da vacinação, nomeadamente na “menor gravidade da doença” e na redução “muito significativa dos doentes internados em unidades de cuidados intensivos e enfermaria e também em número de óbitos”, o que torna incompreensível que, em vez de garantir o aumento, se assista a uma redução e a prazos de fornecimento das vacinas “não cumpridos”.

No seu discurso, em que referiu os desafios que se colocam nas próximas eleições autárquicas, num distrito em que a CDU gere dois municípios — Alpiarça e Benavente -, Jerónimo de Sousa apontou o estudo que recentemente revelou o aumento do número de multimilionários — mais 19.000 -, num período marcado pela pandemia e durante o qual o número de pobres aumentou em 400.000.

“Enquanto uns poucos arrecadam aos milhões mesmo em tempo de epidemia, vimos os trabalhadores confrontados com o aumento das práticas e pressões de desvalorização do trabalho, das profissões, dos salários, a promoção da desregulação dos horários, o aumento da chantagem com as ameaças de despedimentos coletivos, como se viu esta semana com a Altice”, afirmou.

Elencando um conjunto de medidas adotadas por pressão do PCP, Jerónimo de Sousa lamentou que em muitas situações o Governo continue a “colocar entraves à concretização” de propostas do PCP inscritas no Orçamento do Estado, como é o caso das contratações de pessoal em áreas como a educação, forças de segurança, justiça e proteção civil. “O PS e o seu Governo não se cansam de falar para a esquerda e até falar em seu nome, mas é com o PSD e o CDS e seus sucedâneos que contam para inviabilizar e rejeitar as propostas do PCP que dão conteúdo a uma efetiva política de esquerda”, disse.

O líder comunista afirmou que o partido vai para as eleições autárquicas que se realizarão no final de setembro ou no início de outubro confiante num reforço eleitoral.