A Direção-Geral da Saúde garante que os vacinados têm as mesmas regras em relação ao isolamento profilático e à testagem do que as pessoas que ainda não foram vacinadas ou não têm o esquema vacinal completo. Segundo a RTP, esta matéria encontra-se em discussão, mas até agora não há qualquer diferenciação, nestes casos, entre quem tem e não vacinas.
A questão surgiu esta quarta-feira quando o Presidente da República pediu que as autoridades sanitárias viessem explicar publicamente o motivo para ser imposto isolamento ao primeiro-ministro, apesar de estar vacinado e de ter o certificado digital Covid-19. “Isto tem de ser explicado, para que não haja a ideia errada de que a vacina não serve para nada. Nós temos de vacinar e vacinar mais, há uma campanha de vacinação importante em curso e por isso é bom que os portugueses não fiquem com dúvidas”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Segundo o chefe de Estado, é preciso explicar aos portugueses “por que é que uma pessoa, apesar de vacinada há mais de um mês com um certificado que lhe permite andar pela Europa e pelo mundo, sair do território português, no entanto está sujeita à mesma obrigação de quarentena ou de isolamento profilático durante dez dias que uma pessoa não vacinada ou só com uma dose de vacina”. “Tem de se explicar bem, para que não apareça como uma desvalorização da vacina“, reforçou.
Marcelo pede explicações sobre isolamento do primeiro-ministro, apesar de vacinado
Em declarações à Rádio Observador, o vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, também admitiu ser importante a questão levantada pelo Presidente da República, para que as pessoas continuem a valorizar a vacinação, mas lembra que o “verdadeiro objetivo” da vacinação é travar a doença grave, mortes e internamentos e não evitar isolamentos.
“Está-se a tentar perceber se uma pessoa que foi totalmente vacinada pode no caso de estar infetada conseguir não transmitir a doença a uma pessoa não vacinada (…) faz todo o sentido que o primeiro-ministro, depois de ter tido um contacto próximo com um membro do seu gabinete, possa ter de ficar em isolamento“, explica o profissional de saúde.
O médico considera que este isolamento deve continuar a ser cumprido, sendo que pode ser encurtado se ao 10.º dia houver um teste negativo desde que não haja contacto com pessoas mais vulneráveis.
“Faz todo o sentido António Costa estar em isolamento”, diz o médico Gustavo Tato Borges
António Costa está em isolamento profilático por indicação das autoridades de saúde, dois dias depois de o primeiro-ministro português ter sido testado à Covid-19 na sequência de um contacto com o primeiro-ministro luxemburguês, com quem tinha estado no Conselho Europeu, que tinha sido diagnosticada com a doença — mas o isolamento de Costa não teve nada a ver com a infeção de Xavier Bettel.
António Costa em isolamento profilático, depois de membro do gabinete testar positivo à Covid-19
Como explicou o gabinete do primeiro-ministro em comunicado enviado às redações, António Costa entrou esta quarta-feira em isolamento por ter mantido contacto com um membro do seu staff que testou positivo à Covid-19: “Em virtude de ter estado em contacto com um membro do Gabinete que veio a ser um caso confirmado positivo à Covid-19, e não obstante já ter as duas doses da vacina há mais de mês e meio e de ter cumprido as regras de distanciamento físico e uso de máscara, o primeiro-ministro está a cumprir um período de confinamento profilático determinado pelas autoridades de saúde”.
No texto enviado às redações, o gabinete do chefe do Executivo acrescentou ainda que Costa, que entretanto voltou a testar negativo e não tem quaisquer sintomas, vai manter “toda a atividade executiva à distância”.