O empresário madeirense Joe Berardo e o seu advogado, André Luiz Gomes, foram esta quinta-feira ouvidos no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) pelo juiz Carlos Alexandre, no âmbito do denominado processo Caixa Geral de Depósitos.

O interrogatório do empresário iniciou-se pelas 18h30, informou o Conselho Superior da Magistratura (CSM), a pedido do juiz Carlos Alexandre, enquanto o interrogatório ao advogado André Luiz Gomes terminou às 18h00, depois de ter começado às 9h23 de hoje, com interrupção às 13h00 e recomeço das diligências às 14h23.

Ao que o Observador apurou, e o CSM confirmou em comunicado, a diligência de Joe Berardo terminou às 19h15 e o arguido não terá prestado declarações. A diligência foi dada como encerrada por hoje pelo juiz Carlos Alexandre e continuará amanhã, segundo a nota do CSM pelas 9h00, com a procuradora Inês Bonina a promover as medidas de coação que entende como as mais adequadas.

Só depois de ouvir as defesas sobre essa proposta de medidas de coação é que o juiz Carlos Alexandre tomará uma decisão final.

Já terminada a audição, Joe Berardo sentiu-se mal e o INEM foi chamado ao Tribunal Central de Instrução Criminal, avança o Correio da Manhã. O empresário foi assistido no local e voltou à prisão anexa ao Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, onde vai passar a terceira noite consecutiva.

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Advogado de Berardo não quis revelar se o cliente iria falar

O advogado de Berardo no processo da Caixa, Paulo Saragoça da Matta, chegou ao tribunal pelas 10h15. Aos jornalistas, disse que ainda está a “consultar autos” e não confirmou se o interrogatório já tinha começado. Saragoça da Matta recusou dizer se Berardo vai prestar declarações e se o processo está assente em prova documental ou em escutas. “O processo está sujeito a segredo de justiça, não lhe posso dizer isso”, respondeu aos jornalistas.

O interrogatório de Berardo e do seu advogado, os únicos arguidos a serem detidos, iniciou-se esta quarta-feira pelas 16h com a identificação dos arguidos, mas foi suspenso dado que a defesa ainda se encontrava a consultar os autos. À saída do tribunal, Paulo Saragoça da Matta não confirmou se este iria prestar declarações. Aos jornalistas, disse que “há sempre a possibilidade de prestar declarações” e que a defesa está a “ponderar”. “O comendador está sereno”, garantiu ainda.

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Não é, portanto, certo que o interrogatório fique concluído esta quinta-feira já que o tempo dos trabalhos depende da disponibilidade dos arguidos em prestar declarações ao juiz de instrução criminal.

Berardo e o seu advogado foram detidos na terça-feira. Tal como escreveu o Observador, o Ministério Público indiciou o empresário pelos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, descaminho, fraude fiscal e branqueamento de capitais. O filho do comendador, Renato Berardo, também foi constituído arguido nos autos da Caixa Geral de Depósitos, como o Observador avançou em primeira mão, suspeito de ter colaborado com o pai no alegado esquema de burla que terá lesado a Caixa, o BCP e o BES em mais de mil milhões de euros.

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Já o advogado André Luiz Gomes está indiciado por vários crimes, como o de burla qualificada, em regime de co-autoria com Joe Berardo, e em termos individuais pelo alegado crime de fraude fiscal qualificada de cerca de 1 milhão de euros, além de falsificação de documento.

Ao todo, o processo tem 11 arguidos — seis empresas e cinco individuais. Estes cinco são Joe Berardo, o filho Renato, o advogado André Luiz Gomes, Carlos Santos Ferreira (ex-presidente da Caixa e do BCP) e Fátima Câmara (funcionária de uma entidade do Grupo Berardo).

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