Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) lamentaram esta quinta-feira que o acordo para a empresa biofarmacêutica sul-africana Biovac fabricar a vacina contra a  Covid-19 da Pfizer limite a transferência de tecnologia e conhecimentos que possibilitaria a sua produção independente em África.

“Em vez disso, o acordo significa que a Biovac permanecerá dependente da substância da droga das instalações europeias da Pfizer-BioNTech“, referiu a organização humanitária.

O consórcio Pfizer-German BioNTech desenvolveu a tecnologia RNA para a vacina Covid-19, que foi uma das primeiras a ser utilizada internacionalmente para combater a pandemia.

As regiões que foram deixadas para trás na corrida à autossuficiência em vacinas precisam de acesso total a todos os componentes da produção de vacinas, desde as fases iniciais até ao processo de fabrico e embalagem”, adiantaram os MSF.

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Em resposta à pandemia, a organização abriu várias operações específicas por país na América Latina, África, Ásia e Médio Oriente, onde apoiou a manutenção de serviços essenciais em hospitais esmagados por doentes infetados pelo coronavírus SARS-Cov-2 e prestou assistência a grupos vulneráveis.

A organização criticou a Pfizer por ter optado por um acordo bilateral com a Biovac, em vez de partilhar toda a informação necessária para a produção da sua vacina através de um centro de transferência de tecnologia criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na África do Sul.

O acordo alcançado significa que a produção de Biovac será utilizada para abastecer mais de 50 países da União Africana. África está atualmente a viver o pior da pandemia e a África do Sul, em particular, enfrenta uma taxa de mortalidade sem precedentes desta doença.

Apenas 1,6% da população africana foi vacinada, apesar do facto de 3,5 mil milhões de vacinas terem sido até agora distribuídas a nível mundial, o que seria suficiente — se a distribuição global fosse equitativa – para que quase metade da população mundial tivesse recebido pelo menos uma dose.

De acordo com dados divulgados esta quinta-feira pela OMS e pela ONU, a persistente desigualdade na distribuição de vacinas tem graves consequências humanas, mas também económicas.

Os economistas estimaram que se os países pobres tivessem taxas de vacinação semelhantes às dos países ricos, 38 mil milhões de dólares poderiam ter sido adicionados ao produto global bruto este ano.

No continente africano, o número de mortes associadas à Covid-19 em África ultrapassou a barreira dos 160.000, totalizando 160.648 óbitos, mais 929 nas últimas 24 horas, durante as quais se registaram 53.704 novos casos, segundo dados oficiais regionais divulgados esta quinta-feira.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados em África desde o início da pandemia é de 6.335.702, mais 53.704 nas últimas 24 horas.

O número de recuperados é agora de 5.546.538, dos quais 33.112 registados nas últimas 24 horas, segundo a mesma fonte.

A pandemia de Covid-19 já matou pelo menos 4.128.543 pessoas em todo o mundo desde que foi detetado o primeiro caso na China, no final de 2019, avança hesta quinta-feira o balanço diário feito pela agência AFP.

De acordo com o balanço, elaborado com base em informação de fontes oficiais, foram diagnosticados 191.917.090 casos de infeção pelo coronavírus SARS-Cov-2, que provoca a doença respiratória Covid-19, desde dezembro de 2019.

O primeiro caso de Covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.