A Associação Nacional de Discotecas (AND) encarou esta quinta-feira o anúncio do Governo de que os bares e discotecas vão permanecer encerrados até outubro com “um sabor agridoce”, questionando sobre quais os apoios por mais dois meses de encerramento.
“Temos o lado positivo, que foi, pela primeira vez, António Costa falou nas discotecas, falou nos bares, balizou um prazo – estamos a falar de mais dois meses encerrados -, e temos o outro aspeto negativo, claro, que é o não conseguirmos laborar no verão como esperado, pelo menos para os espaços ao ar livre”, afirmou o presidente da AND, José Gouveia, em declarações à agência Lusa.
Para o representante dos estabelecimentos de bares e discotecas, “agora importa saber que apoios estão contemplados com mais dois meses de encerramento, sendo que estas empresas desde fevereiro deste ano que não recebem qualquer tipo de apoio”.
Os bares e discotecas vão permanecer encerrados até outubro, mês em que poderão reabrir para clientes com certificado de vacinação contra a Covid-19 ou de recuperação da doença ou com teste negativo, anunciou esta quinta-feira o primeiro-ministro.
Os espaços de diversão noturna estão encerrados permanentemente desde março de 2020 por causa da pandemia e poderão reabrir em outubro, quando as autoridades estimam que 85% da população portuguesa esteja com a vacinação completa contra a Covid-19, disse António Costa.
Apesar de a reabertura estar prevista apenas para outubro, há uma exceção que se aplica aos bares e outros estabelecimentos de bebidas sem espetáculo e os estabelecimentos de bebidas que podem funcionar a partir do próximo domingo, 01 de agosto, “com sujeição às regras estabelecidas para o setor da restauração e similares, desde que observem as regras e orientações em vigor e as especificamente elaboradas pela Direção-Geral da Saúde”.
O presidente da AND considerou que “é positiva” esta exceção que permite o funcionamento de bares, revelando que a medida foi discutida com a associação.
“É evidente que é positivo, aliás é algo que foi feito no ano passado também por esta altura e de facto é uma forma destas empresas conseguirem rentabilizar alguma coisa, porque não se espera muito, mas que importa, é sempre importante”, disse José Gouveia, relançado que o alargamento do horário até às 02:00 “foi importantíssimo” e “vai dar uma vida completamente diferente a estes bares para que se possam adaptar”.
No verão de 2020, os bares e discotecas puderam funcionar a partir de 1 de agosto, como cafés e pastelarias, seguindo as mesmas regras.
Na perspetiva do representante dos bares e discotecas, a exceção que volta a existir para o funcionamento dos bares “vai ser importante tanto para os empresários como para os utentes da noite”, nomeadamente nas zonas históricas de Lisboa e Porto.
Relativamente aos apoios às empresas que continuarão encerradas, José Gouveia referiu que há um contacto direto e permanente com o secretário de Estado do Comércio, João Torres, “que tem feito um trabalho de excelência para com as associações”.
“Infelizmente nem tudo depende dele, mas estamos convictos de que o Governo vai ser sensível a toda esta situação e, quando tomou esta decisão, tomou-a sabendo que o apoio tinha de ser forte e que tinha de ser elevado para estas empresas”, apontou o presidente da AND.
José Gouveia defendeu ainda que “o apoio tem de ser sempre financeiro”, porque as empresas têm famílias por trás e pessoas que dependem delas.
“Depois, temos de começar a pensar que na retoma, na reabertura, a carga fiscal tem de ser reduzida, porque estas empresas não conseguem comportar os impostos que se veem obrigadas a pagar numa fase que vai ser lenta, numa reabertura que vai ser progressiva”, apontou o representante dos bares e discotecas.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta quinta-feira que o controlo da pandemia de Covid-19 vai passar a ser feito “em função do critério da taxa de vacinação da população portuguesa”, com o alívio das restrições programado em três fases, em que a primeira arranca a partir do próximo domingo, 01 de agosto, para “libertação da sociedade e da economia de modo progressivo e gradual”.
Há um conjunto de medidas gerais que se enquadraram nestas três fases, nomeadamente que as regras são aplicáveis em todo o território continental, segundo o primeiro-ministro: “Deixaremos de aplicar medidas diferenciadas em função da situação em cada concelho e as medidas passarão a ter uma dimensão nacional”.
Outras das medidas são que o comércio, restauração e espetáculos culturais voltam a poder funcionar com horários normais, com o limite das 02:00 e obedecendo às regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), e continua a ser exigido certificado digital de vacinação ou teste negativo à Covid-19 para viagens por via aérea ou marítima, estabelecimentos turísticos e alojamento local, restaurantes no interior ao fim de semana e feriados, ginásios para aulas de grupo, termas e ‘spas’, casinos e bingos, eventos culturais, desportivos ou corporativos com mais de 1.000 pessoas (em ambiente aberto) ou 500 pessoas (em ambiente fechado) e casamentos e batizados com mais de 10 pessoas.
A informação sobre o plano de levantamento progressivo de restrições no âmbito da pandemia de Covid-19 está disponível em https://covid19estamoson.gov.pt/.