No Centro Hospitalar de São João (CHSJ), 42% das pessoas internadas em enfermaria e 15% das internadas em unidades de cuidados intensivos, no último mês (dados até 26 de julho), tinham a vacinação completa, segundo informou fonte oficial do centro hospitalar ao Observador. Uma realidade bastante diferente dos 2% nos internamentos e 5% nos cuidados intensivos registados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), na semana de 28 de junho a 4 de julho, os últimos dados enviados ao Observador.
Os dados do CSHJ remetidos ao Observador indicam ainda que, no mesmo período, 17% das pessoas em enfermaria e 25% pessoas nos cuidados intensivos tinham tomado uma dose da vacina contra a Covid-19. O Observador não recebeu registos de óbitos de pessoas vacinadas total ou parcialmente na resposta oficial enviada por este centro hospitalar.
O Observador tentou obter o mesmo tipo de informação junto de outros centros hospitalares em Lisboa e Coimbra, mas até ao momento não obteve resposta.
Os dados enviados pela DGS ao Observador mostram que o número de internamentos com Covid-19 aumentou depois da entrada da variante Delta no país, mas, à semelhança do que acontecia com a variante Alpha, a maioria dos internados não estava vacinada e o número de pessoas com vacinação completa em enfermaria era muito reduzido. No entanto, os dados vão só até 4 de julho — nesta data, havia 567 internamentos, a 26 de julho eram 919 e atingiram um máximo de 954 três dias depois.
Vale a pena destacar, no entanto, que na semana de 28 de junho a 4 de julho (a última dos dados fornecidos pela DGS), o número de pessoas internadas com vacinação incompleta foi o maior desde abril, representando 30% dos internamentos em enfermaria.
Nessa semana, 27% dos internamentos em unidades de cuidados intensivos tinham a vacinação incompleta, mas na semana anterior o número de pessoas internadas em UCI foi ainda maior, segundo os gráficos enviados pela DGS.
A DGS informa que, em conjunto com outras instituições (Infarmed, INSA, Administração Central do Sistema de Saúde e task force para o Plano de Vacinação Covid-19), “faz a monitorização contínua de pessoas com infeção por SARS-CoV-2 e o seu estado vacinal desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19”. O Observador já tinha tentado obter esta informação em maio, mas na altura aquilo que conseguiu apurar foi que os dados não estavam centralizados.
107 internamentos e 57 mortes de pessoas com vacinação completa
Trocando percentagens por números absolutos, a DGS respondeu que foram internadas 107 pessoas e registados 57 óbitos com a vacinação completa desde o início do processo de vacinação contra a Covid-19, segundo os dados enviados ao Observador a 30 de julho.
Entre 11 de janeiro e 10 de julho, foram registadas 47 mortes entre pessoas com mais de 80 anos, oito em pessoas que tinham entre 65 e 79 anos e duas em pessoas entre os 50 e 64 anos, todas elas com vacinação completa, segundo os dados da DGS a nível nacional.
Segundo estes dados, a maioria dos doentes hospitalizados com vacinação completa (74%) tinha mais de 80 anos. Além disso, dos 107 doentes internados, nem todos foram hospitalizados por causa da Covid-19: 71 tinham a doença como diagnóstico principal, mas outros 36 tinham outra complicação que os levou ao hospital (além da Covid-19).
Como acontecia antes da vacinação, o risco de internamento e morte aumenta com a idade, mas a DGS destaca que “pessoas com esquema vacinal completo têm um risco de hospitalização aproximadamente três a nove vezes inferior a pessoas não vacinadas” e “um risco de morte cerca de três a seis vezes inferior aos casos não vacinados” — de acordo com os dados disponíveis.
Estes resultados demonstram a proteção da vacinação completa contra a Covid-19 para a doença grave e morte, e são complementados pelos dados de efetividade do INSA [Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge] que demonstram a proteção da vacinação contra a infeção por SARS-CoV-2″, refere a nota enviada ao Observador.
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, sugeriu que se divulgassem os dados da vacinação nos internamentos e óbitos por Covid-19 e o coordenador da task force, o vice-almirante Gouveia e Melo, considerou a proposta “muito sensata”.
Task force subscreve divulgação da vacinação nos internamentos e óbitos