As autoridades italianas bloquearam esta segunda-feira vários grupos de Telegram, uma app de mensagens encriptadas, onde vários utilizadores podiam comprar falsos certificados verdes digitais, obrigatórios para entrar em alguns lugares em Itália, como o caso do interior dos restaurantes ou museus.
À semelhança do que acontece com o certificado digital em Portugal, o documento italiano permite, em formato digital ou em papel, saber se o seu portador está vacinado — mesmo que seja com apenas uma dose da vacina —, se possui testes negativos registados ou um certificado de recuperação de infeção por Covid-19.
Commercio online di falsi #greenpass #COVID19#Poliziapostale sta eseguendo perquisizioni e sequestri nei confronti di amministratori di 32 canali #Telegram che mandavano messaggi promettendo invio di certificati vaccinali con cui ottenere il Green Pass #essercisempre #9Agosto pic.twitter.com/q23GpXggKJ
— Polizia di Stato (@poliziadistato) August 9, 2021
Em comunicado, avançado pelo jornal italiano La Stampa, a polícia italiana afirmou ter bloqueado o acesso a 32 grupos de Telegram operacionais em vários pontos do país e que ofereciam certificados verdes digitais a milhares de subscritores desses mesmos grupos. Os passes eram vendidos entre os 150 e os 500 euros em criptomoedas ou vouchers de compras online. As autoridades avançam ter detido quatro pessoas para investigação por suspeita de fraude e falsificação na operação a que chamaram de “Fake Pass”.
Os utilizadores eram abordados pelos administradores destes grupos que pediam que estes fornecessem o nome e apelido, morada, número fiscal e data de nascimento. Depois disso eram informados que um médico que trabalhava para esses grupos preencheria o certificado e que passaria assim a ser válido a partir daí para poder entrar nos locais onde é exigido.
O Governo de Mario Draghi adotou, tal como vários países europeus, o certificado verde para tentar acelerar a vacinação e incentivar a população a inocular-se. No entanto, Itália — assim como uma série de outros países europeus — tem sido também palco de alguns protestos contra a obrigatoriedade do dito passe.
O certificado verde digital tornou-se obrigatório em Itália a 6 de agosto, para entrar em cinemas, museus e eventos desportivos em espaços fechados, bem como para comer no interior dos restaurantes. A partir de 1 de setembro será também obrigatório para os estudantes universitários e para viajar de comboio, avião, navios e autocarros.
Ainda este fim de semana, várias cidades italianas serviram de cenário para protestos de cidadãos que estão contra a introdução de novas restrições no acesso a determinados espaços fechados, sendo uma delas precisamente a obrigatoriedade de mostrar um certificado verde digital.
Fotogaleria. Protestos contra o certificado de saúde em várias cidades europeias
Mais de mil pessoas concentraram-se na Piazza del Popolo, no centro de Roma, gritando palavras de ordem como: “Não ao certificado verde!” e “Liberdade”. Milhares marcharam pelas ruas de Milão, alguns a usar estrelas de David como as que os judeus eram obrigados a usar na Alemanha Nazi, mas com os dizeres: “Não vacinado”. Cerca de 100 pessoas do movimento “No Vax” também se concentraram em Nápoles, em protesto contra a intenção de vacinar crianças. “Tirem as mãos das crianças” e “Vergonha! Vergonha!”, foram algumas das palavras de ordem.
Cerca de 66% dos italianos já tem pelo menos uma dose da vacina e cerca de 55% têm o esquema vacinal completo, correspondendo, segundo dados do ministério da saúde italiano, a cerca de 20 milhões de certificados verdes já emitidos.