O diretor de recursos humanos do grupo TAP, Pedro Ramos, anunciou na rede social LinkedIn que chegou a acordo com a empresa e que vai abandonar o cargo na sequência do polémico vídeo que filmou a partir da Plaza Mayor, em Madrid, ao lado do diretor de recursos humanos da Manutenção & Engenharia João Carlos Falcato. O vídeo gerou polémica porque os dois envolvidios diziam estar em Espanha para contratar um diretor para a operação de carga no país, numa altura em que a TAP se encontrava em processo de reestruturação, com a rescisão de contratos e uma ameaça de despedimento coletivo.

Um vídeo “inofensivo”, segundo afirma Pedro Ramos na sua publicação, “veio, de repente, pôr em causa os mais de 25 anos” de serviço na gestão de recursos humanos, quando na verdade era um vídeo privado e restrito a um pequeno grupo de pessoas.

“O “vídeo polémico da Plaza Mayor”, conforme apelidado pela comunicação social (e sobre o qual nunca me pude pronunciar, para proteção da minha empresa e porque estava em ‘processo de inquérito’ !! entretanto arquivado) não foi mais do que um vídeo privado, gravado num contexto informal e, apenas, destinado a um grupo muito restrito de pessoas. De repente, o conteúdo inócuo, inofensivo, sem qualquer intenção de denegrir, ‘gozar’, ou até revelar algum tipo de informação que não fosse já conhecida (evidentemente, no seu contexto próprio), foi utilizado de forma descontextualizada pondo-me em evidência”, escreve.

“Obviamente, só quem não conhece o meu percurso, o meu trabalho e a minha forma de ser e de estar poderia percecionar o conteúdo do tal vídeo como algum desrespeito por quem quer que seja, muito menos pelos profissionais da TAP, a quem servi e dediquei (sem arrependimentos) boa parte da minha energia e da minha positividade”, prossegue.

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O impacto que a divulgação do vídeo teve fez com que a TAP abrisse um inquérito disciplinar que levou agora Pedro Ramos a negociar com a empresa. “A gestão da TAP demonstrou que não precisa mais do meu envolvimento enquanto Gestor das (suas) Pessoas, e eu assumo publicamente que deixei de escolher a atual TAP para poder empreender e fazer crescer e concretizar o meu Propósito!  Trata-se, portanto, tal como nas relações pessoais, de um ‘divórcio’ por mútuo consentimento e acordo e onde cada parte pode e deve ESCOLHER o seu caminho”, justifica.

O vídeo foi divulgado em meados de junho, numa altura em que a TAP tinha já rescindido com 1800 trabalhadores e admitia um despedimento coletivo de 206 caso não chegasse a acordo. O diretor João Carlos Falcato já tinha acordo de rescisão.

TAP. João Falcato, um dos diretores que aparecem no vídeo, já tinha aderido às rescisões antes da polémica

O diretor de recursos humanos da TAP, Pedro Ramos,  foi suspenso e substituído por Sandra Rodrigues, anunciou, na altura, a transportadora. A Comissão Executiva da TAP referia numa nota que “o processo de inquérito, seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação, foi instaurado na sequência da tomada de conhecimento de uma publicação, a título pessoal, nas redes sociais”. E expressava “solidariedade para com todos os trabalhadores”, apelando ainda “ao recato de todos”.

“Estamos certos de que contamos com o empenho e colaboração de todos para, juntos, ultrapassarmos os grandes desafios que temos pela frente”, lia-se num comunicado enviado aos trabalhadores.

TAP. Pedro Ramos, diretor de recursos humanos suspenso até conclusão do inquérito sobre vídeo de Madrid