Com as discotecas fechadas e os bares a funcionar até às 2h — mas com a obrigatoriedade de apresentar certificado de vacinação ou teste negativo à Covid-19 para entrar —, as ruas do Bairro Alto têm-se transformado numa grande pista de dança a céu aberto, já tinha testemunhado o Observador na madrugada de 1 para 2 de agosto, o chamado “Freedom Day”, dia da primeira fase do novo desconfinamento, e reclamam agora moradores, comerciantes e presidente da Junta de Freguesia.
Em declarações ao Público desta terça-feira, que revela que só ao longo do fim de semana passado a PSP apreendeu na zona 28 colunas de som (para passar música em público é necessária uma licença), Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, reconhece que o problema, não sendo novo, tem vindo a agravar-se — aos fins de semana mas não só, e não apenas no Bairro Alto, mas em toda a freguesia, desde o Cais do Sodré ao Jardim de São Pedro de Alcântara, passando por Santa Catarina.
“Estas ações são para continuar porque isto é um combate que tem mesmo de ser feito”, diz a presidente da junta àquele jornal, sobre as apreensões de colunas por parte da PSP e as ordens para dispersar com que os agentes têm percorrido as ruas do Bairro Alto, na tentativa de evitar grandes aglomerações de pessoas. “Era algo que tínhamos conseguido diminuir muito, mas agora os moradores voltaram a viver num inferno”, lamenta ainda.
Hilária Castro, da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, dá conta de “um grande mal-estar” entre moradores — que importunados pelo ruído e pela confusão nas ruas não conseguem descansar — e comerciantes — que com a festa nas ruas deixam de vender dentro de portas e perdem dinheiro para os vendedores ambulantes.
A única esperança é que a moda passe e a dança possa voltar às pistas. A reabertura das discotecas está marcada para a terceira fase do desconfinamento, que deverá acontecer em outubro, com 85% da população vacinada. Ainda assim, só vai poder entrar quem apresente certificado de vacinação ou teste negativo.