Uma jovem de 19 anos descobriu ter sido trocada à nascença no já extinto hospital de San Millán, no município espanhol de Logroño, em 2002. Até 2018 viveu com uma família que não sabia não ser a biológica e está, neste momento, a exigir uma indemnização de três milhões de euros ao Ministério da Saúde de La Rioja.

As jovens envolvidas na polémica nasceram ambas no mesmo dia, com apenas cinco horas de diferença e com muito pouco peso, o que terá obrigado os médicos a leva-las para a sala de incubação. Aqui foram trocadas e acabaram nos braços de uma família que não era a sua — na qual permaneceram durante 16 anos, segundo o jornal online La Rioja, que deu a conhecer o caso.

A denunciante, cujo nome verdadeiro não foi divulgado, poderia ter crescido numa família estruturada, mas foi parar a uma outra com complicações. Acabou por ser criada pela suposta avó e descobriu a sua identidade através de uma polémica que envolveu os tribunais e a família que a criou. Em 2017 a suposta mãe processou o também suposto pai da vítima, alegando que o homem não cuidava dela.

As disputas terminaram num teste de ADN que revelou que o homem não era pai da jovem, e as análises subsequentes revelaram que a mulher também não era a sua mãe biológica.

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2018 foi o ano da procura e descoberta da família biológica. Com 16 anos, a então adolescente dirigiu-se a José Sáez-Morga, o advogado que dirige o caso, com um pedido: “Diga-me quem sou”. A Inspeção Sanitária de La Rioja começou então uma investigação que identificou 17 raparigas que podiam coincidir com a denunciante.

Depois da realização de vários exames de sangue, a jovem descobriu a sua família biológica e a outra visada. Contudo, nunca chegou a conhecer a sua mãe biológica visto que morreu neste mesmo ano.

A outra família afetada ainda não mostrou qualquer reação, apesar de já se saber que também foi informada da negligência. Segundo o mesmo jornal, o Governo de La Rioja não tem provas de que esta outra jovem envolvida tenha feito queixa.

Quanto ao Ministério da Saúde, acabou por reconhecer o que afirma ter sido um “erro humano”. Contudo, defende-se atrás do facto de não haver “causalidade ou atos lesivos” no ocorrido e de ser um acontecimento com duas décadas.

Ainda assim, ofereceu 215.000 euros para indemnizar a jovem. Em resposta, esta instaurou um processo administrativo de responsabilidade patrimonial por danos morais, com o pedido de indemnização superior a três milhões de euros.