O Supremo Tribunal de Inglaterra concluiu que o emir do Dubai, o xeque Mohammed Al Maktoum, interferiu com a justiça britânica ao dar ordens para vigiar o telefone da sua ex-mulher, a princesa Haya bint al-Hussein, de acordo com a BBC. Para tal, o emir utilizou o polémico software Pegasus, utilizado em vários países para espiar jornalistas e políticos.

A princesa Haya, meia-irmã do rei da Jordânia Abdullah II, divorciou-se do emir do Dubai em 2019, encontrando refúgio no Reino Unido, onde pediu proteção por temer represálias por parte do regime. Já em 2020, um tribunal britânico concluiu que o xeque Mohammed Al Maktoum planeou o rapto das suas duas filhas, Shamsa e Latifa, sujeitando a princesa Haya a uma campanha de “intimidação”.

Justiça britânica conclui que emir do Dubai planeou rapto de filhas e ameaçou princesa Haya

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O juiz Andrew McFarlane disse que as conclusões do Supremo representam um “abuso total de confiança” e um “abuso de poder” por parte de Mohammed Al Maktoum, de 72 anos, que “assediou e intimidou” a princesa Haya, de 47, recorrendo ao “braço do Estado para obter o que considera justo”.

O xeque do Dubai, no entanto, rejeita as acusações e diz que as conclusões do Supremo são “injustas”. Já a princesa Haya diz sentir-se “perseguida”, sem lugar onde possa estar “a salvo”.

Pegasus. O vírus israelita que invadiu os telemóveis de jornalistas e ativistas de todo o mundo e que até o filho de Bolsonaro quis comprar

Além da princesa Haya, também os advogados Nick Manners e Fiona Shackleton, e outros membros da equipa de segurança e de assistência pessoal da mulher de 47 anos foram espiados com recurso ao Pegasus por ordem de Mohammed Al Maktoum. Este vírus israelita, desenvolvida pela NSO, assim que é instalada num telemóvel consegue passar despercebido e permite rastrear a localização da vítima, dando acesso às mensagens, chamadas telefónicas ou emails.

A princesa Haya e o xeque do Dubai casou-se com o xeque do Dubai em 2004, mas divorciaram-se 15 anos depois. Ambos estão envolvidos numa longa batalha judicial no Reino Unido pela custódia dos filhos de 13 e nove anos do casal, com Mohammed Al Maktoum a tentar forçar o regresso das crianças ao Dubai.