Oficiais de saúde chineses mataram um cão enquanto a dona estava em quarentena, desencadeando uma onda de revolta online e levantando questões sobre a rigidez das medidas de combate à nova variante delta.
Na passada sexta-feira, uma residente da cidade de Shangrao alegou ao jornal Weibo que o seu animal de estimação fora espancado até à morte no seu apartamento, enquanto esta estava de quarentena num hotel que não permitia animais.
Em comunicado, autoridades de Shangrao pediram aos habitantes em quarentena que deixassem as portas das suas casas destrancadas, para que profissionais de saúde as pudessem desinfetar. Porém, a dona deixou o seu apartamento trancado. Autoridades chinesas adotaram uma prática de “abates indolor” de animais em risco de terem contraído o vírus SARS-CoV-2. Com a ajuda da polícia local, os trabalhadores arrombaram a porta, onde se depararam com o cão.
Em causa está uma nova política de “tolerância zero” que a China adotou em relação à Covid-19, para tentar mitigar as consequências da nova variante Delta. De acordo com o jornal South China Morning Post, estes casos estão a causar um crescente medo entre pessoas que têm animais de estimação, assim como confusão entre autoridades locais e processos oficiais, uma vez que não existe legislação explícita sobre o sucedido.
No vídeo capturado por câmaras de vigilância, vê-se um dos dois profissionais de saúde a bater no animal com um pé-de-cabra.
As autoridades citadinas de Shangrao pediram desculpa publicamente no sábado, por não ter havido comunicação com a dona do animal. Alem disso, afirmaram que o trabalhador foi afastado do cargo.
Após o sucedido se ter tornado público, uma onda de revolta online motivou a criação de uma hashtag para o incidente vista centenas de milhões de vezes. Através deste meio, surgiram questões sobre a motivação por detrás do acto.
Um dos comentários aponta: “Sem instruções vindas de cima, quem se atreveria a derrubar a porta e matar o cão?”
Segundo o Weibo, a dona revela que, na mesma comunidade, foram também mortos pelo menos mais um cão e um gato.
No início de novembro, aconteceu uma situação semelhante, em Chengdu, quando três gatos foram eutanasiados, sem terem sido testados para o vírus, enquanto o dono estava, também, em quarentena.
An Xiang, diretor de uma firma de advogados em Pequim, partilhou com o Weibo que a ciência por detrás das infeções em animais ainda é inconclusiva. “Medidas de emergência como caçar e matar animais de estimação não deveriam ser tomadas. A unidade de saúde não tem provas de que os animais estavam infetados.”